sábado, 29 de maio de 2010

Dançando no Escuro

"Dizem que é a última canção, mas eles não nos conhecem. Só será a última canção se deixarmos que seja"

Lars von Trier nasceu em Copenhague, Dinamarca, em 1956. Ficou conhecido por escrever junto com Thomas Vinterberg o Dogma de 95, 10 regras que devem ser respeitadas durante a criação de um filme com a intenção de estimular a criatividade. Seus filmes mais conhecidos são: Os Idiotas, Dogville e o recente Anticristo.
Dançando no Escuro conta a história de Selma(Björk), uma imigrante tcheca que trabalha numa metalúrgica. Selma aos poucos está perdendo sua visão devido a uma doença hereditária e por isso guarda todo dinheiro que ganha para pagar uma operação para seu filho, que não pode descobrir porque aceleraria o processo da doença. Apaixonada por musicais, a protagonista se distrai com o barulho ritmico das máquinas e em sua imaginação cria canções e coreografias, o que acaba causando um acidente em seu trabalho e a sua demissão. Apenas uma de muitas tragédias no filme. Somos guiados até o fim nada piedoso de Selma, que faz de tudo para que seu filho faça a operação.
Dançando no Escuro conta com David Morse, Catherine Deneuve e Peter Stormare. Björk está impressionante como atriz. Filmado de um modo peculiar, Dançando no Escuro é um drama musical diferente de muita coisa que já vi. Particularmente eu gosto da maneira como Lars von Trier faz seus filmes, principalmente em Dogville(que é extremamente interessante). Recomendo esse filme para todos aqueles que querem se emocionar um pouco.
Nota 8,5.

O Balconista

Kevin Smith nasceu em Nova Jersey, em 1970. O Balconista foi o filme que levou Kevin Smith para a fama. Seus trabalhos mais conhecidos são: Dogma, Procura-se Amy e O Balconista 2. Smith também escreve roteiros para quadrinhos e atua em seus filmes como o personagem Silent Bob. Escreveu o roteiro de Demolidor e foi produtor executivo de Gênio Indomável. O Balconista se passa em View Askewniverse, o universo criado por Kevin Smith que serveria de cenário para grande parte de seus filmes.
O Balconista narra a história de Dante, um funcionário de uma loja de conveniências, em um dia de trabalho(e ele não deveria estar lá). Randal, seu amigo que trabalha na locadora ao lado, hora ou outra aparece em seu trabalho para conversar ou atrapalhar. Nesse dia de trabalho forçado diversas situações bizarras acontecem...
Não há como resumir este filme. A história na verdade serve de base para as discussões dos dois amigos, que por sinal são hilárias. O filme foi todo gravado em preto e branco por causa do baixo orçamento e foi gravado na loja em que Kevin Smith trabalhava. O Balconista é um filme que eu recomendo para todos que querem fazer cinema. Este filme é um bom exemplo de filmes de baixissimo custo e que deram certo. Por toda sua audácia...
Nota 8,0.

domingo, 23 de maio de 2010

Apenas o Fim

Apenas o Fim narra a história de Antônio(Gregório Duvivier) e sua namorada(Erika Mader). Minutos antes de Antônio ir fazer uma prova, Ela aparece na faculdade e diz que vai embora. Pra Sempre. Ele não consegue aceitar e ambos vagam pelos cenários da PUC conversando sobre tudo e sobre nada. Relembrando alguns momentos da relação enquanto vídeos de conversas intimas dos dois surgem na tela. E o que resta é apenas o fim.
Falar de Apenas o Fim é difícil. Matheus Souza, diretor do filme, tinha 19 anos quando começou o projeto, e ainda estudava cinema. Um filme que cumpre o que propõe. A química dos dois atores nos deixa dúvidas se eles realmente não tiveram um relacionamento. Vários planos sequência realizados perfeitamente. Trilha sonora admirável. Dialógos as vezes reais, as vezes cinematográficos demais. É incrível a forma como o diretor conseguiu mostrar como aquela história é íntima. Apenas o Fim merece um grande destaque no cinema brasileiro, e é um dos grandes feitos do cinema brasileiro nessa década.
Nota 9,0.



E La Nave Va

Frederico Fellini nasceu em 1920, na comuna de Rimini, na Itália. Seu primeiro filme, Mulheres e Luzes, não foi bem recebido pela crítica e acabou levando a produtora à falência. Seu maior sucesso veio em 1960, La Dolce Vita, em seguida vieram filmes como: Amarcord e 8 1/2. Fellini se tornou um dos grandes diretores por seus filmes poetizados e críticos.
E La Nave Va começa com imagens antigas, em sépia, de um navio se preparando para partir. Não há nenhum som e vemos os personagens da história surgindo, como uma apresentação. O navio tem como destino a ilha de Erimo, para jogarem as cinzas da famosa cantora Edmea Tetua. A tripulação é basicamente formada pelos amigos mais próximos da defunta, os marinheiros e um rinoceronte. Sr. Orlando é um jornalista que embarca para entrevistar as celebridades e narrar a história. Quando o navio resgata um grupo de refugiados sérvios, a tripulação se sente ameaçada, o que acaba dando uma guinada na história para outra direção.
E La Nave Va foi o primeiro filme do Fellini que eu assisti. E em suas duas horas de duração eu percebi por o chamam de Il Maestro. A forma com que ele conduz a história é única. Os personagens são bem caricatos. Até a péssima dublagem se torna interessante. A trilha sonora é sem igual, ópera. O final é simplesmente Foda.
Nota 9,0.

sábado, 22 de maio de 2010

Distrito 9

Neill Blomkamp nunca tinha dirigido um longa-metragem e Distrito 9 é o seu primeiro. Nasceu em Joanesburgo, em 1963. Neill tinha um vasto portfólio de filmes publicitários e Peter Jackson o tinha chamado para dirigir Halo. Como a produção atrasou, Peter Jackson deu apoio financeiro para que Blomkamp dirigisse Distrito 9, inspirado num curta que ele mesmo fez em 2005. O filme tem um baixo orçamento(30 milhões de dólares) e efeitos especiais perfeitos. Distrito 9 foi indicado para o Oscar de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhores Efeitos Visuais e Melhor Edição.
Distrito 9 é uma favela em Joanesburgo onde aliens foram abrigados após a queda de uma nave na cidade a 20 anos atrás. Após manifestações do povo contra aquela raça, o governo contrata a MNU para transferi-los para o Distrito 10. Mikus van de Merwe é nomeado como líder da operação para entregar as ordens de despejo. Ao entrar dentro de um barraco para investigar os pertences de um extraterrestre, Mikus acidentalmente ativa um artefato e um líquido espirra em sua cara. Naquela noite, o agente da MNU começa a passar mal e é levado para o hospital, onde descobre que está virando meio "camarão"(alien). Cientistas da MNU fazem testes com Mikus e descobrem que ele consegue ativar as armas extraterrestres, que só podem ser usadas por aliens. Desesperado, Mikus foge e se refugia no Distrito 9. Sua única salvação é encontrar aquele artefato contando com a ajuda de um alien, Christopher Johnson.
O início do filme é gravado em forma de documentário, colhendo depoimentos sobre o acontecimento. As cenas em seguida são gravadas sobre o ponto de vista do diretor(escolha de planos e etc.) e também sobre o ponto de vista do cinegrafista que acompanha o personagem. Os efeitos especiais são bem convincentes porque não são exagerados. As cenas de ação são feitas de uma forma diferente, mas bem feitas. Distrito 9 faz uma alusão ao Apartheid e a comparação é interessante. Mas não pode ser considerado como uma crítica ao sistema...até porque o Apartheid já acabou e quem vive de passado é museu.
Nota 8,5

Jackie Brown

Quentin Tarantino. Diretor, produtor, roteirista e ator. Knoxville, 1963. Aos 16 anos fez aulas de atuação na James Best Theatre Company e aos 22, na Allen Garfield's Actors' Shelter. Trabalhou como balconista numa locadora e se dedicou aos seus roteiros. Quando vendeu True Romance, Tarantino saiu do anonimato e dirigiu seu "primeiro" filme: Cães de Aluguel. Após isso, em 1994, Quentin viajou para o Amsterdã e escreveu Pulp Fiction, filme que lhe traria o Oscar de Melhor Roteiro Original. Desde então Tarantino produziu outros sucessos como: Kill Bill e Bastardos Inglórios. Jackie Brown é uma adaptação do livro Rum Punch de Elmore Leonard. Tarantino diz ser um filme para o público negro e uma homenagem ao gênero blaxpoitaton(filmes que utilizaram, na década de 70, o soul e o funk nas trilhas sonoras e personagens principais negros).
Jackie Brown(Pam Grier) é uma comissária de bordo que contrabandeia dinheiro para dentro dos EUA, aos comandos de Ordell Robbie(Samuel L. Jackson), um traficante de armas. Louis Gara(Robert DeNiro) acabou de sair da prisão e passa os dias fumando com a namorada de Robbie, Melanie(Bridget Fonda). No início do filme, Ordell procura Max Cherry(Robert Forster)
para pagar a fiança de um amigo, Beaumont Livingston(Chris Tucker). Ao encontrar Beaumont, Ordell o silencia. Jackie Brown é pega por um agente federal, Ray(Michael Keaton) e um policial, Mark(Michael Bowen), com grana e cocaína. Eles fazem uma proposta: montar um esquema para capturar Ordell. Assim se inicia um jogo com todos os personagens. Aquele que vencer leva uma bolsa com meio milhão de dólares.
Sinceramente, eu esperava mais de Jackie Brown. O filme não é ruim, pelo contrário, é ótimo. Mas é demorado demais, 2 horas e meia de filme, acaba cansando. Samuel L. Jackson e Robert De Niro estão atuando perfeitamente. Algumas cenas são fodas: Ordell matando Beaumont e Louis ficando irritado com Melanie. Só o fato do filme ser do Tarantino já merece ser visto.
Nota: 8,0.

UP

Pete Docter, diretor de UP!, nasceu em 1968 em Minnesota, EUA. Dirigiu Monstros S.A., escreveu o roteiro de Wall-E, Toy Story 1 e 2 e dos filmes que dirigiu. Participou de Vida de Inseto e de muitas outras animações. Em 2004, a equipe de UP! visitou o estado de Roraima para buscar inspiração para o cenário do filme. Docter dublou o personagem Kevin, uma ave...fêmea... UP! recebeu o Oscar de melhor Animação e melhor Trilha Sonora Original e foi a segunda animação a receber a indicação de Melhor Filme.
O inicio do filme mostra a vida de Carl Fredricksen(Edward Asner). O jovem Carl vive em seu mundo de aventuras imaginárias, inspirado por seu ídolo Charles Muntz(Christopher Plummer), até o dia em que conhece Ellie(Elizabeth Docter). Os dois crescem juntos, se casam e alimentam o sonho de viajarem até o Paraíso das Cachoeiras. Quando Carl, vendendo balões, consegue juntar dinheiro para comprar as passagens, Ellie morre de velhice e nosso personagem principal fica só. Carl se torna uma pessoa rabugenta, ao redor de sua casa constroem um grande edificio e o empreendedor deseja comprar sua residência. Após agredir um operário, dão 1 dia para Carl arrumar suas coisas e partir para um asilo, mas o velho tem uma idéia melhor: prender milhares de balões em sua casa e viajar até o Paraíso das Cachoeiras. Ao longo de suia jornada, Carl tem a ajuda de Russel, um escoteiro mirim que quer ganhar a medalha de Ajuda ao Idoso, Kevin, uma ave gigante e Dug, um cachorro "falante".
Up! é uma das melhores animações da Pixar. É de uma sensibilidade incrivel. Com personagens fora do comum(um velho rabugento como personagem principal de uma aventura). Ótimas piadas. Uma trilha sonora linda. São muitas qualidades pra esse filme. Não é à toa que ele recebeu a indicação de Melhor Filme, concorrendo com Avatar e Guerra ao Terror.
Nota: 9,0.

Pandorum

Christian Alvart é um diretor alemão, nascido em 1974. Dirigiu Antibodies, um thriller sobre um serial killer pederasta. Pandorum é seu primeiro filme Hollywoodiano e seu trabalho mais recente é Caso 39 com a (odiosa) atriz Renée Zellweger.
Cabo Bower(Ben Foster) acaba de acordar numa nave após um hipersono de cerca de oito anos. Lembrando de pouquíssimas coisas, Bower precisa, com a ajuda de seu tenente, Payton(Dennis Quaid), encontrar o caminho até o reator da nave para reiniciar a energia. Payton fica na cabine de comando guiando Bower através de uma escuta, mas os dois acabam perdendo contato quando o cabo encontra criaturas bizarras espalhadas pela nave. Bower acaba descobrindo a verdade por trás de sua missão. A Terra foi destruída e a nave está levando humanos para um planeta habitável, Tania, porém, a droga injetada para aguentarem o hipersono acabou transformando alguns humanos em criaturas mutantes. Bower, junto com outros sobreviventes, precisa chegar até o reator para que a nave possa continuar a viagem. Mas parece ser tarde demais quando seu tenente demonstra os sintomas de Pandorum, um surto psicótico produzido pelo hipersono.
Pandorum é o tipo de filme que não fede e nem cheira. Foi erroneamente classificado como terror. Não tomei um susto. Os humanos mutantes me lembraram goblins do futuro. O que quebrou o filme foi a presença de Dennis Quaid, um dos atores que mais odeio HAHA. Ok, não foi só isso. O filme é bem clichê, mas a cena final é irada.
Nota: 6,5.

Manhattan

Woody Allen é o pseudônimo de Allan Stewart Königsberg, nova-iorquino de 1935. Sua primeira aparição no cinema foi em "O que que há, gatinha", estrelado e escrito por ele. É difícil dizer quais são os trabalhos mais conhecidos dele... na verdade, são quase todos. Woody Allen optou em filmar Manhattan todo em preto e branco, o que acabou dando uma beleza extraordinária ao filme.
O filme se inicia com Woody Allen tentando escrever o primeiro capítulo do livro de seu personagem, e como pano de fundo vemos imagens de uma Nova York cinzenta. Isaac(Woody Allen), o personagem principal, entra em crise quando sua ex-mulher lésbica(Meryl Streep) decide escrever um livro sobre o relacionamento dos dois, expondo todas as intimidades. Para piorar, Isaac mantém um relacionamento com uma garota de 17 anos, Tracy(Mariel Hemingway), que acaba se apaixonando por ele. Seu melhor amigo, Yale(Michael Murphy), é casado mas mantém uma relação extra-conjugal com Mary(Diane Keaton). Isaac odeia Mary à primeira vista, mas após se conhecer melhor, ambos se apaixonam. Isaac precisa convencer Tracy a ir estudar em Londres e esquece-lo e Mary precisa por um fim na relação com Yale. E nesse encruzilhamento de relações, Manhattan assiste a tudo, bela e cinzenta.
Eu achei o final deste filme impressionante. Não esperava isso, até mesmo de Woody Allen. E honestamente, o que mais me impressionou foi o roteiro. A fotografia estava ótima, os atores estão bons, mas o roteiro estava excelente. Ainda não sou fã de Woody Allen, acho que tenho alguma proteção contra esta influência. Não tenho esta euforia que os fanáticos por ele tem. Mas acredito que preciso ver mais filmes dele antes de falar qualquer coisa, pelo que me lembro, assisti apenas Annie Hall e Scoop. Assistam Manhattan, é bonito e estranhamente real.
Nota: 8,5

G.I. Joe: A Origem de Cobra


Stephen Sommers nasceu em 1962 em Minnesota, EUA. Estudou na universade de Sevilha na Espanha e quando voltou para os Estados Unidos, cursou a University of Southern California’s School of Cinematic Arts. Seus filmes mais conhecidos são A Múmia, O Retorno da Múmia e Van Helsing, todos arrecadaram milhões de dólares. Seu novo filme, G.I. Joe é inspirado nos bonecos do Comandos em Ação, da Hasbro, e já arrecadou mais de 300 milhões de dólares.
James McCullen(Christopher Eccleston) é dono da M.A.R.S., uma empresa que vende armas de alta tecnologia e equipamentos de defesa, e inventa, junto com seu cientista maluco Dr. MindBender(Joseph Gordon-Levitt), uma arma de nanotecnologia capaz de comer qualquer tipo de metal. Duke(Channing Tatum) e Ripcord(Marlon Wayans) são contratados para fazer o transporte dessa nova arma, mas durante o percurso são atacados por Storm Shadow e Baronesa(Sienna Miller), que fazem parte de uma organização secreta. No meio do ataque surgem os G.I. Joe, uma equipe de elite equipada com a mais alta tecnologia. Agora, Duke e Ripcord precisam se unir aos G.I. Joe para evitar uma conspiração organizada por quem eles menos esperavam...James McCullen.
G.I. Joe é o tipo de filme que não me agrada e que eu me recuso a ver. Mas eu acabei vendo e realmente não me agradou. 1- O filme é inspirados em bonecos que eu nem sabia que existam. 2- É o tipo de filme cheio de efeitos especiais que acaba artificializando tudo. 3-Tem o Dennis Quaid, um dos atores que mais detesto. Dá pra curtir o filme, mas acho perda de tempo. O único benefício que esse filme me trouxe foi que eu analisei a cena de ação em Paris e notei(acho que já tinha notado) que uma cena de ação contém centenas de planos de curtíssima duração, 1 ou 2 segundos. Ou seja, só uma sequência de ação dá uma trabalheira do caralho pra fazer. Não recomendo este filme para ninguém.
Nota: 5,5

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus

Terry Gilliam, diretor deste filme, é mundialmente famoso por sua participação no grupo britânico de comédia Monty Python. Inicialmente trabalhando como criador das animações surrealistas do programa televisivo do grupo. Como diretor seus trabalhos mais conhecidos são 12 Macacos, Os Irmãos Grimm e Medo e Delírio em Las Vegas, marcados por um visual único e fantasioso. Após a morte de Heath Ledger durante as gravações de O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus, Gilliam convidou Johnny Depp, Jude Law e Collin Farrel para interpretar o personagem. O que acabou sendo uma ótima alternativa.
O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus(The Imaginarium of Doctor Parnassus) começa com uma apresentação do espetáculo ambulante de Dr. Parnassus(Christopher Plummer), com seu ajudante anão, Percy(Verne Troyer), um mensageiro fantasiado de deus Hermes, Anton(Andrew Garfield) e sua filha, Valentina(Lily Cole). Um espelho é posto no palco, e aquele que o atravessar entrará num mundo imaginário controlado por Parnassus(o que me lembrou um pouco a história de Alice Através do Espelho), onde as pessoas tem a escolha de purificar a alma com o poder da imaginação ou ceder às tentações do inferno. Quando sua filha está prestes a completar 16 anos, o Diabo(Tom Waits) faz uma visita e cobra uma antiga dívida a Parnassus. Com medo de perder sua filha, o Dr. faz uma nova aposta: quem conseguir 5 almas, fica com Valentine. Neste momento é que o grupo encontra Tony Shepard(Heath Ledger), "enforcado" em uma ponte. Tony começa a trabalhar com Dr. Parnassus e ele é a última esperança para que Valentine não vá embora com o Diabo.
Terry Gilliam consegue nos levar para um mundo alternativo e onírico. Uma viagem dentro dos pensamentos. O estilo do filme me lembrou bastante as animações do programa Monty Python's Flying Circus, que eram feitas por Gilliam. Assistir este filme é uma ótima experiência. Deixe sua imaginação livre para Doctor Parnassus.
Nota: 8,5

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Veludo Azul

David Lynch nasceu em Montana, 1946. Quando criança viveu viajando pelo país com sua família. Se especializou em pintura numa escola de artes e partiu para a Europa em busca de inspiração. Ao voltar para os Estados Unidos, Lynch dirigiu diversos curtas-metragens. Seu primeiro longa foi Eraserhead, que não atraiu o público mas fez com que Lynch conseguisse um apoio para dirigir Homem-Elefante, que concorreu ao Oscar como Melhor Diretor e Melhor Roteiro Adaptado. Seus outros trabalhos conhecidos são: Cidade dos Sonhos e Império dos Sonhos.
O filme começa monstrando cenas da cidade perfeita, Lumberton. Tudo num grande american way of life. Mas nem tudo é o que parece. Jeffrey Beaumont(Kyle MacLachlan) volta para a cidade para ver seu pai que está internado e encontra uma orelha em enorme gramado. Jeffrey entrega a orelha para o pai de Sandy, uma amiga de infância, interpretada por Laura Dern. Não feliz com isso, Jeffrey sente uma curiosidade enorme em investigar o caso. Sandy o ajuda a entrar na casa de uma cantora de cabaré, Dorothy Vallens(Isabella Rossellini). Lá dentro, Jeffrey presencia uma cena bizarra: um traficante de drogas, Frank Booth(Dennis Hopper), estupra a cantora. Ao ajudá-la Jeffrey acaba entrando num submundo fantasioso onde não parece haver volta.
Veludo Azul é um filme estranho...porém, menos estranho do que eu imaginava. Não tem nenhum fator surreal no filme. O vilão usa uma bomba de oxigênio, os personagens são esquisitos...mas nada fora de uma realidade. O filme possui um clima interessante, a segunda parte faz um contraste com a primeira parte. Iluminação e trilha sonora diferente. Veludo Azul é um filme de suspense com personagens interessantes. Vale a pena assistir.
Nota 7,5.

Constantine


"Deus é uma criança brincando com uma fazenda de formigas"

Francis Lawrence é conhecido por dirigir clipes como "Circus" da Britney Spears e "Bad Romance" da Lady Gaga. O diretor austríaco pode ser considerado jovem, tem 40 anos, e seus filmes mais conhecidos são "Constantine" e "Eu Sou a Lenda". Sua carreira começou quando ele trabalhou como segundo assistente de câmera em Pump Up the Volume, dirigido por Allan Moyle. Francis também dirigiu dezenas de comerciais para Coca-Cola, Pepsi, McDonald's e outras grandes marcas. Constantine é inspirado nos quadrinhos de Hellblazer(um dos criadores é Alan Moore, conhecido por V de Vingança e Watchmen).
Keanu Reeves interpreta John Constantine, um ocultista seguidor da milenar filosofia do Foda-se. Sempre que um demônio aparece na Terra, Constantine o manda de volta para tentar ganhar alguns pontos positivos na hora do julgamento porque ele sabe que está "no vermelho". Seu aprendiz é Chas(Shia LaBeouf), um taxista de 19 anos que Constantine o usa apenas para seu proveito. Angela Dodson(Rachel Weisz) é uma policial que investiga o suicidio de sua irmã gêmea. E é aí que as coisas começam a embaralhar.
O roteiro é bem complexo e contém diversos elementos que não estavam originalmente nos quadrinhos, como a Lança do Destino, fragmento da arma utilizada pelo soldado romano que feriu Jesus Cristo na cruz. O filme tem a participação de Tilda Swinton interpretando o Anjo Gabriel. Admito que não lembro muitos detalhes do filme, faz tempo que o vi. O que mais impressiona é o filme ter sido produzido por um grande estúdio e ainda assim criticar a religião fortemente. Constantine é um filme muito bom, inspirado numa boa história em quadrinhos e feito com um BOM dinheiro.
Nota 8,5.

Os Deuses Devem Estar Loucos

Jamie Uys nasceu em 1921 em Joanesburgo, África do Sul. Seus filmes mais conhecidos são Os Deuses Devem Estar Loucos e Animals Are Beautiful People. Recebeu o Grande Prêmio no Festival Internacional de Cinema de Comédia Vevey por este filme, que gerou uma polêmica porque o personagem principal não conhecia a palavra "Deus". O diretor usou um fazendeiro africano para fazer o personagem Xí.
Os Deuses Devem Estar Loucos(The Gods Must Be Crazy) começa contando sobre uma tribo boxímane isolada no deserto do Kalahari. Eles vivem em harmonia, não há leis, não há fome, não há problemas. Até o dia em que um piloto de avião deixa cair uma garrafa de Coca-Cola no território desta tribo. Sem saber ao certo a utilidade daquilo, os boxímanes a usam para quebrar frutas, alisar pele e para realizar muitas outras funções. Aos poucos a garrafa se torna um objeto disputado, todos precisam usá-la e isso acaba gerando brigas entre os membros da tribo. Xí é escolhido para jogar fora a "coisa má", que eles acreditam ter sido dada pelos deuses como forma de testá-los. Então, Xí precisa caminhar até o fim do mundo para eliminar a garrafa de Coca-Colas, mas no caminho acaba encontrando humanos civilizados. Duas culturas diferentes entram em choque...hilariamente.
Vi este filme na aula de Teoria da Comunicação para estudar exatamente esta diferença que há entre a cultura ocidental e muitas outras do mundo. Vendo o filme por este lado, ele foi bem sucedido. Mas vendo do outro... Sinceramente, achei meio sem graça. É um filme estilo comédia antiga e boba. Até dá pra rir, mas é de tão ruim que são as cenas.
Nota 5,0.

domingo, 16 de maio de 2010

K-Pax

Iain Softley é quem ocupa o cargo de diretor neste ótimo filme. Londrino, de 1958, Softley é conhecido por ter dirigido A Chave Mestra e Coração de Tinta, mas é em K-Pax que ele faz seu melhor trabalho. O filme foi criado a partir de um livro com o mesmo nome. Sinceramente não sei dizer se foi bem adaptado ou não, pois nunca li o livro.
K-PAX é o nome do planeta de onde veio Prot(Kevin Spacey), nosso personagem principal. Ao chegar na Terra, Prot é mandado para um hospício e é submetido a sessões com o psiquiatra Dr. Mark Powell. Pouco a pouco o psiquiatra descobre sobre o planeta K-PAX e sobre seu paciente... e fica fascinado pela forma que Prot consegue ser convincente, até com os outros doentes do hospício. Powell resolve levar seu paciente para conhecer um grupo de astronomos, que são surpreendidos pelo conhecimento de Prot sobre uma galáxia muito distante da Terra. Ao saber que Prot pretende voltar para seu planeta, o psiquiatra resolve procurar por pistas no passado do seu paciente e acaba descobrindo coisas que nunca deveriam ser reveladas.
Depois desse filme, Kevin Spacey virou um dos meus atores favoritos. A atuação dele em Os Supeitos e Corrente do Bem é inesquecível. Jeff Bridges também é um ótimo ator, e não é à toa que ganhou um oscar. K-Pax nos deixa aquela dúvida: estamos sozinhos no universo? Com ótimas atuações e uma direção plausível, o filme deve ser visto(até mais de uma vez). Lembro que na primeira vez que vi esse filme fiquei tenso do meio para o final. E uma das últimas cenas faz você xingar de tão foda e explicadora que é(talvez nem todo mundo entenda de primeira).
Nota 9,0

As Melhores Coisas do Mundo

Laís Bodanzky é a diretora de As Melhoras Coisas do Mundo. Nasceu em 1969, em São Paulo e casou-se com Luiz Bolognesi, que assina o roteiro deste filme e também do premiado Bicho de Sete Cabeças. Laís comanda o projeto Cine Tela Brasil, que viaja com um caminhão por São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná exibindo filmes nacionais. Para a realização de As Melhores Coisas do Mundo, Bodanzky e Bolognesi entrevistaram adolescentes em escolas paulistanas para tornar a história mais real. Conseguiu? Digamos que sim, mas apenas uma realidade foi retratada. Por favor, não digam que todos os adolescentes são do jeito que o filme retratou.
As Melhores Coisas do Mundo narra a história de Mano, um adolescente que descobre que não é fácil virar adulto. Para viver num ambiente "hostil", como a escola, é preciso saber jogar as regras do jogo. Ou seja, nunca ser o "zuado da vez". E é quando Mano descobre que seu pai é homossexual que as coisas começam a dar errado. Ele e seu irmão(Fiuk) precisam fazer de tudo para esconder o fato do resto da escola. No meio de paixões por professores, superexposição e diversos problemas "adolescentes", Mano precisa percorrer um longo trajeto para superar esta crise.
Por algum motivo me orgulho de ter visto este filme no cinema. Talvez seja porque ele merece os 9 reais que paguei. Por dois motivos: Ser muito bom e por ser brasileiro. Meu preconceito contra filmes nacionais aos poucos está desaparecendo depois de tantos filmes bons que estão lançando. Fico feliz em saber que o cinema brasileiro está crescendo e se tornando algo de qualidade. Mas voltando ao filme... Laís Bodanzky consegue contar uma excelente história, mesmo com as atuações razoáveis dos atores iniciantes. O filme é baseado na série de livros Mano, escritos por Gilberto Dimenstein e Heloisa Prieto, que nunca li e não sei dizer se é uma boa leitura. Com um final meio tenso, As Melhores Coisas do Mundo talvez não seja um dos melhores filmes do mundo...mas vale a pena assistir.
Nota 8,0.

sábado, 15 de maio de 2010

Todos os Homens do Presidente

All the President’s Men é a obra-prima de Alan J. Pakula, diretor nova-iorquino falecido em 1998 aos 80 anos. A maioria de seus filmes está de uma forma ou de outra relacionada à política. Em Todos os Homens do Presidente não poderia ser diferente.
O filme narra a história de dois jornalistas do Washington Post, Bob Woodward e Carl Bernstein, que investigam o escândalo de Watergate. O caso começou quando cinco pessoas foram presas quando invadiram o escritório do partido democrata, no complexo Watergate, para instalar escutas e copiar documentos, durante a campanha eleitoral. Após investigações foi descoberto que estas pessoas faziam parte do Comitê para Reeleger o Presidente, um grupo que apoiava Nixon. Bob, interpretado por Robert Redford, e Dustin Hoffman, como Carl Bernstein, investigam este caso a fundo e com ajuda do misterioso “Garganta Profunda”, uma fonte sigilosa, eles descobrem a ligação que o Comitê tinha com a CIA, o FBI e, mais tarde, com o próprio presidente Nixon. As reportagens sobre o caso só foram levadas adiante depois da permissão de Katharine Graham, dona do jornal, e terminaram com a renúncia do presidente Nixon e a condenação de ocupantes de altos cargos na política americana.
O mais interessante no filme é a forma como ele retrata o cotidiano na redação do jornal e a profissão de jornalista. Bob e Carl são dois jornalistas românticos, que procuram a verdade factual acima de tudo. Eles correm atrás da notícia mesmo com todas as dificuldades, arrumam formas de confirmar boatos e convencem o editor-chefe a publicar as matérias mesmo quando todos os outros jornais não as querem. A sala gigantesca da redação, com dezenas de pessoas trabalhando o dia inteiro, digitando em suas máquinas de escrever, se torna o quartel general dos dois jornalistas, de onde eles partem em busca de pistas ou fazem ligações importantes. Há uma cena em que o editor pega a matéria que eles produziram e, com uma caneta vermelha, risca o que deve ser retirado e altera algumas palavras, o que me lembrou bastante do trabalho dos censores na época da ditadura do Brasil, mas ali no caso, o editor era do próprio jornal e excluía o que ainda era incerto e tornava a matéria mais concisa. Nas cenas de reunião, vemos os editores discutindo quais matérias serão colocadas no jornal do dia seguinte, e é curioso ver o que eles tratam como notícia ou não. Apesar da linguagem cinematográfica usada no filme, a profissão de jornalista é bem retratada e acredito que até incentive estudantes a seguirem essa profissão, porém, acho que a maioria das matérias de hoje em dia não são grandiosas o suficiente para viver uma “aventura atrás da verdade”. As cenas na garagem e outras cenas de tensão foram montadas para criar esse clima de investigação e por isso deve ser observado com cuidado e não deixar se iludir. Um fato interessante é que a fonte Garganta Profunda só se revelou em 2005, trinta e três anos após o escândalo, como W. Mark Felt, vice-diretor do FBI na época.
Todos os Homens do Presidente é sem dúvida uma obra de arte, tanto que ganhou quatro Oscar, e é visto em salas de aula até hoje como forma de aprendermos mais sobre a profissão de ser jornalista.
Nota: 8,5

Obs: Trabalho feito para a aula de Introdução ao Jornalismo.

Mary and Max




Adam Elliot é o diretor, roteirista e desenhista do filme Mary and Max. Nascido na Austrália em 1972, o jovem cineasta se destaca por ter recebido o Oscar de melhor curta em 2004 com sua animação Harvie Krumpet(2003). Em seu novo filme, Adam usa a técnica de animação com moldes em argila, também chamada por claymation, e cria uma atmosfera sombria ao utilizar poucas cores e/ou sépia. O diretor diz ter baseado o filme em uma história real e se inspirado em um amigo novaiorquino.
Mary & Max conta a história de duas pessoas diferentes para o mundo e afastadas geograficamente um do outro. Mary é uma garotinha australiana com uma mãe alcóolica e um pai afastado. Ela sofre na escola por ser gordinha e feia. Atormentada pela questão "de onde vem os bêbes", Mary escolhe um nome por acaso numa lista nos correios e manda uma carta para Max, um solitário Aspie(sindrome de Asperger) criador do cachorro-quente de chocolate, morador de Nova York. E assim se inicia uma amizade, através de trocas de cartas e informações, um descobrindo mais sobre o mundo com o outro. Personagens de desenhos animados, problemas familiares, incompreensões do mundo e AMOR. Uma estranha amizade que dura 20 anos, cheia de reviravoltas, feridas abertas e desencontros. Tendo como ápice o encontro tão esperado de Mary & Max.
Não consigo expressar o que gostaria para falar sobre este filme. Acho que a palavra "Maravilhoso" talvez seja a melhor definição. Uma animação para gente grande, onde todos nossos sorrisos são apenas para substituir nossas lágrimas. É impossível não se envolver com o filme através do clima melancólico. Adam Elliot cria dois universos diferentes: uma Nova York cinzenta, sem cor e uma Austrália com cor de poeira. A ligação entre estes dois mundos é estabelecida pelos objetos enviados um para o outro, que obtém a cor do país de origem(como a foto acima). Admito que meus olhos lacrimejaram ao final do filme e aposto que muitos outros ainda se emocionarão nesta que eu chamo de uma das melhores animações que já vi.
Nota: 9,5

sexta-feira, 30 de abril de 2010

A Justiça de um Homem

Gavin Hood, diretor, roteirista e protagonista de A Justiça de um Homem (A Reasonable Man), nasceu em Joanesburgo, África do Sul, em 1963. Estudou Direito na universidade de Witwatersrand e Cinema foi na universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Seus filmes mais conhecidos são: Infância Roubada (Tsotsi), ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2005, e X-Men Origins: Wolverine.

A Justiça de um Homem é o primeiro filme dirigido de Gavin Hood, gravado na África do Sul e exibido em 1999. A obra narra a história de Sean Raine, um advogado, que seis anos após um incidente no exército, durante um safári com sua esposa e seu ex-sargento, presencia o estranho assassinato de um bebê. O advogado decide defender o acusado, um jovem boiadeiro que acredita ter matado um tikoloshe, um espírito maligno na religião que o réu pertence. Pela cidade, os jornais publicam a notícia que o jovem havia matado e retirado a genitália do bebê para realizar muti, uma espécie de medicamento tradicional africana que utiliza de partes do corpo humano como ingredientes. Decidido a conhecer as crenças do acusado, Sean encontra uma sangoma, uma feiticeira, que diz que seu caminho está sendo dificultado por uma cobra, uma lembrança atormentadora do passado, que ele carrega dentro de si. Posteriormente é revelado que essa memória é de quando Sean estava no exército e matou um garoto que estava escondido em um armário, assim, estabelecendo uma relação com o acusado como forma de se redimir por seus erros. No tribunal, o advogado participa de um conturbado julgamento, contra uma promotoria bloqueada à aceitação de diferentes religiões. Após descobrirem que a genitália do bebê havia sido retirada por um policial para incriminar o réu, a acusação de homicídio doloso é retirada. Esclarecida como ocorreu a cena do crime, o tribunal fica em dúvida, mas mesmo com todas as tentativas do advogado, o jovem boiadeiro leva a pena por homicídio culposo e cumpre um ano de prisão.

Analisando a obra por um ponto de vista cinematográfico, notamos algumas fraquezas como: um roteiro ralo e uma linguagem cinematográfica muito simples. Nosso personagem se esforça muito para inocentar o réu, e acabamos acreditando com convicção que o juiz vai aceitar o ponto de vista do advogado. Porém, o que ocorre é a execução da lei da forma como ela deveria ser executada desde o início, o que acaba desagradando. Mas mesmo com um final não muito bom, conseguimos nos envolver e nos emocionar com a história.
Nota 6,5.


OBS: Texto escrito para a aula de Comunicação e Expressão, PUC-RIO, seguindo as regras básicas de estruturação de resenhas.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Reclaim Your Brain

Reclaim Your Brain(Free Rainer) é um filme alemão na mesma vibe que The Edukators, ou seja, VAI FAZER VOCÊ PENSAR!
Rainer(Moritz Bleibtreu) é o personagem principal, produtor de uma emissora de TV, rico, viciado em cocaína e criador dos maiores sucessos de audiência da Alemanha. Logo no início do filme vemos que Rainer está em 10 graus na escala "Foda-se". Totalmente desapegado as coisas(não como filosofia hippie, mas sim por ter dinheiro pra comprar tudo o que ele quiser), o produtor sofre uma tentativa de assassinato por uma garota, neta de um homem que Rainer provocou o suicídio após tê-lo acusado de um crime não cometido. Com a mentalidade recuperada da lavagem cerebral que sofrerá após anos e anos na midia, o produtor percebe que as emissoras com maior índice de audiência são aquelas que transmitem reality-shows, programas de auditório e outras inutilidades, contribuindo, assim, para a dementização da população. Revoltado, Rainer monta uma equipe para atingir o calcanhar de Aquiles das emissoras: os índices de audiência. O que acaba gerando uma revolução intelectual na Alemanha. O filme possui um dos melhores finais que eu já vi.
Dirigido por Hans Weingartner(mesmo diretor de The Edukators, HAHA), Reclaim Your Brain gira em torno da seguinte informação: os índices de audiência são medidos através de famílias selecionadas para representarem toda a população, estão fora dessa medida pessoas desempregadas, estudantes ou imigrantes. Com isso, obviamente, os programas mais intelectuais recebem menos pontos do que deveriam, e com isso as pessoas passam a assistir mais programas "sem conteúdo", criando uma cultura de "imbecis". Interressante, não?
O filme é lindo, filosófico e bem feito.
Se The Edukators é 10. Reclaim Your Brain é 9,5.

Obs: O índice de audiência no Brasil é medido apenas em São Paulo. Revoltante?

Budapeste

"Eu pensava que Budapeste era cinzenta, mas Budapeste era amarela."
Budapeste é um filme baseado na obra literária homônima de Chico Buarque. Filmado na Hungria e no Brasil, o filme narra história de José Costa(Leonardo Medeiros), ou Kósta Zsoze, um ghost-writer(um escritor que escreve em nome de outras pessoas, permanecendo sempre no anonimato), que conhece Budapeste após seu vôo fazer um pouso de emergência. Apaixonado pela "única lingua que o diabo respeita", Costa volta para o Brasil, onde engravida sua mulher, Vanda(Giovanna Antonelli), com a mente em branco. Em seu trabalho mais célebre, José escreve a autobiografia de um alemão, K.K., que veio ao Rio de Janeiro e escreveu um "livro" no corpo de suas amantes(este trecho é realmente poético).
Apaixonada pelo livro, sua esposa se relaciona com K.K., acreditando que ele é o autor do livro.
Em Budapeste, José conhece Kriska e aprende o idioma com sua ajuda. Assim que se torna fluente na língua, Costa começa a escrever poesias.
Frustado por nunca receber a glória dos seus livros publicados, o ghost-writer protagonista termina na situação inversa, ajudado por um outro escritor fantasma(Chico Buarque).
Dirigo por Walter Carvalho, em Budapeste percebi a evolução da qualidade da imagem do cinema brasileiro. O diretor demonstrou seus anos de experiência em fotografia ao realizar esse filme. Um filme poético e esteticamente bonito, talvez não agrade a grande a maioria. Por algum motivo me senti afastado e próximo do personagem principal. Afastado por não sentir suas dores, talvez insensibilidade minha ou um personagem roteiricamente superficial(acredito que o livro seja melhor). E próximo por compartilhar da arte de escrever. Brasileiro ou hungáro, é um ótimo filme ou um péssimo filme.
Nota 7,0...8,0...7,5...

quinta-feira, 25 de março de 2010

De Onde Vêm As Idéias

DE ONDE VÊM AS IDEIAS
por Neil Gaiman

Toda profissão tem seus percalços. Médicos, por exemplo, sempre são solicitados a dar conselhos de saúde de graça, aos advogados pedem conselhos legais, aos donos de funerárias dizem que deve ser uma profissão interessante e aí mudam de assunto depressa. E aos escitores perguntam de onde tiram as ideias.
No início, eu costumava dar respostas não muito divertidas e insolentes: do Clube da Idéia do Mês, eu dizia, ou na Pequena Loja de Idéias em Bognor-Regis, de um livro poeirento cheio de ideias no porão, ou mesmo dizia que vieram do Pete Atkins (essa última é meio esotérica, e pode precisar de um pouco de explicação. Pete Atkins é um roteirista e romancista amigo meu, e nós decidimos um tempo atrás que, quando nos perguntassem, eu diria que minhas ideias vinham dele e ele pegava as ideias de mim. Fazia sentido na época).
Então eu fiquei cansado das respostas não muito engraçadas, e hoje em dia conto a verdade:
”Eu invento”, digo a eles. “Na minha cabeça”.
As pessoas não gostam dessa resposta. Não sei por que não. Elas parecem infelizes, como se eu estivesse tentando lhes passar a perna. Como se existisse um grande segredo, e, por minhas razões, eu não estivesse contando pra elas como se faz.
E é claro que não estou. Primeiramente, eu mesmo não sei de onde as ideias vêm, o que as faz vir ou se um dia elas vão parar. Segundo, eu duvido que qualquer pessoa que pergunte esteja querendo uma palestra de três horas sobre o processo criativo. E terceiro, as ideias não são tão importantes. Não são mesmo. Todo mundo tem uma ideia para um livro, um filme, uma história, uma série de TV.
Todo autor publicado já viveu isso – as pessoas vêm até você e contam que elas tem Uma Ideia. E, cara, é bizarro. É tão Extraordinária que elas querem que Você Participe. A proposta é sempre a mesma: elas contam a ideia (a parte difícil), você escreve e transforma em um romance (a parte fácil), e vocês dois podem dividir o dinheiro meio-a-meio.
Sou razoavelmente gentil com essas pessoas. Conto a elas que tenho muitas ideias do jeito que as coisas estão, e muito pouco tempo. E desejo a elas boa sorte.
As Idéias não são a parte difícil. Elas são um pequeno componente do todo. Criar pessoas críveis que fazem mais ou menos o que você as manda fazer é muito mais difícil. E mais difícil ainda, de longe, é o processo de simplesmente sentar e colocar uma palavra depois da outra para construir o que quer que seja que você está tentando construir: tornar interessante, tornar novo.
Mesmo assim, as pessoas querem saber a resposta. No meu caso, também querem saber se eu pego minhas ideias dos sonhos (resposta: não. A lógica do sonho não é a lógica das histórias. Transcreva um sonho, e você vai ver. Ou melhor ainda, conte um sonho importante a alguém – “Bem, eu estava nessa casa que também era minha velha escola, e tinha uma enfermeira e ela era na verdade uma velha bruxa e então ela foi embora mas tinha uma folha e eu não podia olhar pra ela e eu sabia que se eu a tocasse uma coisa terrível ia acontecer…” – e veja os olhos delas revirarem.) E eu não tinha respostas diretas. Até recentemente.
Minha filha Holy, que tem sete anos, me persuadiu a conversar com sua turma. Sua professora estava muito entusiasmada (“As crianças têm feito os seus próprios livros recentemente, então talvez você possa vir e falar para elas sobre ser um escritor profissional. E um monte de pequenas histórias. Eles gostam das histórias.”) Então eu fui.
Elas sentaram no chão, eu tinha uma cadeira, cinquenta e sete crianças de sete anos me encaravam. “Quando eu tinha a sua idade, as pessoas me diziam para não inventar coisas”, eu disse a eles. “Hoje em dia, elas me dão dinheiro para fazer isso”. Por vinte minutos eu falei, e eles fizeram perguntas.
E, eventualmente, um deles fez levantou a questão.
”De onde você tira suas ideias?”
E eu me dei conta que lhes devia uma resposta. Não eram velhos o suficiente para saber. E é uma pergunta perfeitamente razoável, se não te perguntam semanalmente.
Foi isso que eu disse a eles:
Você tem ideias fantasiando. Você tem ideias ao ficar entediado. Você tem ideias o tempo todo. A única diferença entre escritores e outras pessoas é que nós percebemos quando está acontecendo.
Você tem ideias quando faz a si mesmo perguntas simples. A mais importante das perguntas é simplesmente, “E se…?”
(E se você acordasse com asas? E se sua irmã tivesse se tranformado num camundongo? E se todos descobrissem que as sua professora estava planejando devorar um de vocês no final do semestre – mas vocês não soubessem quem?)
Outra questão importante é, “Se pelo menos…”
(Se pelo menos a vida real fosse como os musicais de Hollywood. Se pelo menos eu pudesse encolher até o tamanho de um botão. Se pelo menos um fantasma pudesse fazer minha lição de casa.)
E então tem as outras: “Eu imagino…” (Eu imagino o que ela faz quando está sozinha…) e “Se Isso Continuar…” (Se isso continuar os telefones vão começar a falar uns com os outros, e eliminar o intermediário) e “Não seria interessante se…” (Não seria interessante se o mundo fosse comandado por gatos?)
Essas questões, e outras como elas, e as perguntas que elas estimulam (“Bem, se gatos comandassem o mundo, porque eles não comandam mais? E o que eles sentem sobre isso?”) são um dos lugares de onde as ideias vêm.
Uma idéia não precisa ser uma noção de enredo, só um lugar para começar a criar. Enredos geram a si mesmos quando alguém começa a se perguntar sobre qual é o ponto inicial.
Algumas vezes a idéia é uma pessoa (“Há um garoto que quer saber sobre mágica”) Alguma vezes é um lugar (“Há um castelo no fim do Tempo, que é o único lugar que possui um…”) Alguma vezes é uma imagem (“Uma mulher, sentada numa sala escura cheia de rostos vazios”).
Frequentemente as ideias vêm de duas coisas juntas que não estavam juntas antes. (“Se uma pessoa mordida por um lobisomem se torna um lobo, o que aconteceria se um peixinho dourado fosse mordido por um lobisomem? O que aconteceria se uma cadeira fosse mordida por um lobisomem?”)
Toda ficção é um processo de imaginar: seja o que for que você escreve, em qualquer gênero ou meio, sua tarefa é criar coisas convincentemente e interessantemente, e novas.
Aí você tem uma ideia – o que é, afinal, meramente algo a se agarrar quando você começa – e depois?
Bem, depois você escreve. Você põe uma palavra depois da outra até que esteja acabado – o que quer que seja.
Algumas vezes não vai funcionar, ou não da maneira como você imaginou no começo. Algumas vezes não vai funcionar de maneira nenhuma. Às vezes você joga tudo fora e começa de novo.
Eu me lembro, alguns anos atrás, de ter uma ideia perfeita para uma historia do Sandman. Era sobre uma succubus que dava a escritores, artistas e compositores inspiração em troca de um pouco de suas vidas. Eu chamei de Sexo e Violetas.
Parecia uma história bem direta, e foi só quando eu comecei a escrever que descobri que era como tentar segurar areia fina: toda vez que eu pensava que tinha pego, ela escapava pelos meus dedos e se esvaía.
Escrevi nessa época:
Comecei essa história duas vezes, agora, e cheguei mais ou menos na metade em cada tentativa, só pra ver ela morrer na tela.
Sandman é, ocasionalmente, um quadrinho de horror. Mas nada que eu tenha escrito para ele me tocou como essa história que eu agora vou acabar tendo que abandonar (com o prazo já uma coisa do passado). São as ideias e a habilidade de colocá-las no papel, e transformá-las em histórias – que me fazem um escritor. Isso significa que eu não tenho que acordar cedo de manhã e sentar num trem com pessoas que eu não conheço, para chegar num trabalho que eu desprezo.
Minha ideia de inferno é uma folha em branco. Ou uma tela em branco. E eu, olhando para ela, incapaz de qualquer coisa que valha a pena dizer, um único personagem em que as pessoas possam acreditar, uma única história que não tenha sido contada antes.
Encarando uma filha em branco.
Para sempre.
Escrevi minha saída para fora disso, entretanto. Fiquei desesperado (outra resposta espertinha e verdadeira que eu dou para a pergunta de-onde-você-tira-suas-ideias. “Desespero”. Fica ao lado de “tédio” e “prazos”. Todas essas respostas são verdadeiras até certo ponto.) Peguei meu próprio terror, e a ideia central, e confeccionei uma história chamada Calíope, que explica, acredito que bem definitivamente, de onde os escritores pegam suas ideias. Ela está num livro chamado DREAM COUNTRY (O País dos Sonhos). Você pode ler se quiser. E, em algum ponto da escrita dessa história, deixei de me assustar com a possibilidade das ideias irem embora.
De onde eu tiro minhas ideias?
Eu as invento.
Na minha mente.

Fonte: http://bernardomoraes.wordpress.com/

terça-feira, 23 de março de 2010

Extermínio

Extermínio(28 Days Later) é um filme foda. Ponto.
No início do filme, um grupo de ativistas libertam um macaco infectado pelo vírus da raiva de um laboratório de pesquisas. Devido a semelhança genética entre macacos e humanos, o vírus logo se espalha por toda Inglaterra e alguns outros países, tornando violentos aqueles que foram infectados.
28 dias depois do início da pandemia, Jim(Cillian Murphy) acorda em um hospital vazio após um acidente de moto. Sem saber o que está acontecendo ao seu redor, Jim caminha por uma Londres inabitada catando dinheiro e comida no chão até que encontra corpos e panfletos com a palavra "Êxodo". Dentro de uma igreja ele encontra um padre infectado(que chega a ser engraçado) e acaba tendo que fugir de um grupo de infectados que o persegue. Correndo perto de um posto de gasolina ele é salvo por Selena(Naomi Harris) e Mark(Noah Huntley) que eliminam os infectados explodindo o lugar. Jim então fica a par da situação e decide ir até a casa de seus pais, onde os encontra mortos. À noite a casa é invadida por infectados e Mark é mordido. Sem piedade alguma, Selena pega o facão e resolve a situação. Agora sozinhos, Jim e Selena caminham pela cidade até que encontram Frank(Brendan Gleeson) e sua filha Hannah(Megan Burns). Por uma transmissão de rádio eles ouvem a mensagem do Major Henry West(Christopher Eccleston), que diz ter montado uma base de proteção para os não-infectados e ter a resposta para a cura da doença. A partir daí, os quatro decidem iniciar uma viagem até Manchester onde irão encontrar segurança na tal base... ou não.
Extermínio foi dirigido por Danny Boyle que também dirigiu Trainspotting! No filme os personagens se vêem numa situação de desespero, sem governo, sem leis, sem nada. Nesse mundo, vence quem correr mais rápido(ou o mais esperto). A música principal é muito boa e passa a tensão do momento. Sem mais delongas... Nota 9,0

Obs: No filme, as pessoas são infectadas pelo vírus da raiva e se tornam violentas, mas o que eu achei curioso foi que elas só atacam aqueles que não estão infectados. Por ser o vírus da raiva os infectados deveriam lutar entre si. Nada contra, é a licença poética do filme.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Medos Privados em Lugares Públicos

Medos Privados em Lugares Públicos(Coeurs) é um filme sobre solidão. Seus personagens lutam para não ficarem sós em uma Paris gelada. Com um roteiro bem elaborado e complexo, acho que pela segunda vez(1º-Ran) encontro dificuldades em escrever uma sinopse. Tentarei.
Thierry(André Dussollier) é irmão de Gaëlle(Isabelle Carré) e trabalha como corretor de imóveis, ajudando Nicole(Laura Morante) a encontrar um apartamento onde seja possível construir um escritório para seu noivo, Dan(Lambert Wilson). Thierry é colega de trabalho de Charlotte(Sabine Ázema), que lhe empresta a gravação de um programa sobre canções. Por educação, Thierry acaba assistindo a fita e se surpreende ao ver um strip-tease de sua colega de trabalho. Achando que era intencional, Thierry tenta se aproximar de Charlotte.
Charlotte trabalha como enfermeira à noite e cuida de um senhor rabugento, pai de Lionel(Pierre Arditi). Com dificuldades de controlar o comportamento do velho, Charlotte tenta encontrar forças em sua fé para aguentar todo o sofrimento.
Lionel trabalha como barman e um hotel e é ele quem aconselha Dan a pedir um tempo com sua noiva, Nicole. Dan decide seguir o conselho do "amigo" e quando põe um anúncio no jornal acaba conhecendo Gaëlle, iniciando um romance.
Com essa trama entrelaçada o filme conseguiu me fazer rir, emocionar e principalmente pensar.
Dirigido por Alais Resnais, o filme tem o toque francês que eu sempre apreciei como em "O Escafandro e a Borboleta" e "Paris, Te Amo". Há uma cena ótima onde Charlotte e Lionel conversam na mesa da sala. O barman explica o motivo para que seu pai esteja decepcionado com ele e enquanto ele fala as luzes vão se apagando e a neve começa a cair dentro da sala! É uma viagem. Assim que eles mudam de assunto as luzes se acendem e a neve desaparece. É genial.
O filme possui um dos melhores roteiros que já vi. É muito bem trabalhado e minuncioso. O final é o resultado dessa busca incessante por calor humano.
Nota 9,5.

Chocolate

Chocolate(Chocolat) é um filme tão bom quanto o nome. Sério. Chocólatras de plantão ficarão indecisos entre ver o filme ou pausar e ir numa loja da Kopenhagen. É foda de aguentar.
No ínicio do filme vemos uma cidadezinha no interior da França. Nesse momento todos os seus habitantes estão na missa da semana anterior a quaresma. O narrador nos apresenta os personagens. Todos parecem ser felizes e éticamente perfeitos.
Com um vento vindo do norte, Vianne Rocher(Juliette Binoche) e sua filha Anouk chegam na cidade e alugam uma antiga confeitaria que pretendem transformar em chocolateria.
O conde(Alfred Molina) fica surpreso quando descobre que Vianne não possui marido e nem religião. Convicto que a presença da estrangeira é uma má influência para a sua cidade, o conde proíbe a todos de entrarem em sua loja.
Mesmo com a proibição do conde, alguns moradores não resistem e provam os doces da loja. Aqueles que provaram ficaram encantados com o sabor e com os "poderes mágicos" do chocolate. Iniciando assim uma guerra fria entre o conde e Vianne, que se agrava mais ainda com a chegada dos "piratas" à cidade, comandados por Roux(Johnny Depp).
Dirigido por Lasse Hallström, o filme contém com um ótimo elenco, tirando os já citados: Carrie-Anne Moss(Trinity-Matrix), Judi Dench(M-007) e Lena Olin(Awake). As atuações estão perfeitas.
O filme mostra, como pano de fundo, a imoralidade dos habitantes que disfarçam seus atos com máscaras. O ponto crucial disso é quando o conde enfurecido invade a chocolateria e acaba comendo todos os chocolates da vitrine. O figuro é bem trabalhado e a fotografia parece não haver problemas. O filme é tão bom quanto uma trufa. Mas talvez trufas não seja meu chocolate preferido.
Nota 8,5.

sábado, 20 de março de 2010

Acossado

Acossado(À Bout de Souflle...) é um marco da Nouvelle Vague francesa. Conhecida pela pouca idade dos seus autores, a Nouvelle Vague não contava com grandes quantias de dinheiro para produção dos seus filmes. Indo contra as regras aceitas pelo cinema de indústria, os filmes deste estilo contavam com temas imorais e cortes criativos.
Acossado conta a história de um criminoso, Michael Poiccard(Jean-Paul Belmondo) que mata um policial quando este o persegue por excesso de velocidade. Em Paris, procura incansavelmente o homem que lhe deve dinheiro enquanto tenta convencer Patricia(Jean Seberg), uma vendedora de jornal, para que fuja com ele para Roma. Confusa em relação aos sentimentos que tem por Michael, Patricia o ajuda se esconder da polícia.
O final surpreende a todos.
Dirigido por Jean-Luc Godard, Acossado foi um bom filme... em sua época. Sinceramente, os cortes acelerados, que pulam no espaço-tempo, foi inovador na época mas atualmente não impressiona. Godard e Truffaut(roteirista) estavam preocupados com a forma de contar a história, como a câmera iria contar o filme, e não com a qualidade do conteúdo. Essa característica acaba tornando o filme apenas bom e não excelente(como sempre me falaram).
Admito que é Acossado é um bom filme, mas acho que já passou seu tempo. Como é o primeiro trabalho dele que assisto, irei ver outros filmes para confimar minha opinião que Godard não merecia se tratado como deus dos cinéfilos intelectuais.
Considerando que estamos em 2010 e o filme foi feito em 1959 com uma montagem inovadora(para a época)... Nota 8,0.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Um Dia sem Mexicanos

Um Dia sem Mexicanos(A day without mexicans) é o filme mais sarcástico que eu vi até hoje. O próprio título contém uma piada. Para os americanos, mexicanos são os latinos que entram no país. A premissa do filme é a seguinte: Um dia, misteriosamente, todos os latinos da Califórnia desaparecem misteriosamente e o caos se instala em toda parte. Não há mais burritos, não há mais empregadas, não há mais peões de obra, não sobra quase nada!
O filme acompanha a vida de diversos personagens que foram afetados por esse desaparecimento em massa. Entre eles está uma jornalista meio-latina que é tida como a salvação da Califórnia, um político xenofobico e dois guardas da fronteira que ficam sem ter o que fazer. É sarcasmo do início ao fim, como por exemplo a música que toda várias vezes durante o filme: California Dreaming
Dirigido por Sérgio Arau, o filme contém uma crítica forte sobre o assunto. Os latinos representam 1/3 da população da Califórnia e custam bem caro para o estado, mas a economia que eles geram é dezenas de vezes maior. Baseado num curto homônimo do próprio diretor, o filme acaba perdendo o ritmo e a graça depois da metade do filme. Sérgio Arau tomou uma decisão errada e transformou o filme(perto do final) em uma novela mexicana na tentativa de fazer mais uma piada... mas não deu certo.
Nota 5,0.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Sociedade dos Poetas Mortos

Sociedade dos Poetas Mortos(Dead Poets Society) é um filme sobre Carpe Diem. Colha o dia, aproveite o momento.
O que acontece quando pessoas que sempre tiveram suas vidas controladas por outros decidem tomar suas próprias decisões?
Sr. Keating(Robin Williams) é o novo professor de poesia de uma escola mais rígida que o PH(ditadura). Com seus métodos de ensino diferentes para a época, ele acaba despertando algo dentro de seus alunos que eles nunca sentiram antes. Incitando-os a rasgarem algumas páginas do livro de estudo, andarem cada um a sua maneira e a adotarem novos pontos de vista(subindo na mesa do professor), Keating tem a inteção de fazê-los pensarem por si próprios, muito semelhante a filosofia. Admirados com o novo professor, alguns alunos procuram seu honorário e descobrem que ele participava de algo chamado Sociedade dos Poetas Mortos, um grupo de estudantes que se reuniam em uma caverna para recitar poemas de autoros famosos ou autorais. Inspirados pela idéia esses alunos resolvem fazer o mesmo. Desafiando seus pais, um dos participantes é impedido de seguir seu sonho de ser ator e uma tragédia cai na cabeça de todos, o que acaba gerando uma tensão entre todos os integrantes da Sociedade dos Poetas Mortos.
Dirigido por Peter Weir, o filme é interessante de se ver. O filme lembra um pouco "O despertar da primavera". No filme estão Ethaw Hawke e Robert Sean Leonard quase crianças!
Para quem não sabe, Peter Weir dirigiu "O Show de Truman" nove anos depois desse filme. Durante "Sociedade dos Poetas Mortos" eu senti que a linguagem usada era muito antiquada(21 anos atrás também né), a cena mais trágica do filme poderia ter sido refeita de uma maneira BEM melhor. O roteiro é bom, tanto que recebeu o Oscar de melhor roteiro, mas no final do filme, o romance entre dois personagens é completamente esquecido e não ficamos sabendo o que acontece depois. O filme é bom, mas poderia ser melhor.
Nota 8,0.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Perdidos na Noite


























Perdidos na Noite(Midnight Cowboy) é um filme sobre cair na realidade. Sair do sonho. Arrebentar a porta do "quarto dos pais".
Joe Buck(Jon Voight) é um texano metido a cowboy que tem uma visão idealizada de Nova York. Decidido a mudar de vida, ele larga seu emprego como lavador de pratos e pega poucas roupas, põe numa mala de vaquinha e parte para NY. Seu sonho é virar garoto de programa de mulheres elegantes.
Chegando na cidade dos seus sonhos, ele é ridicularizado por seus trajes de vaqueiro que se destacam na multidão de pessoas moderninhas. Ingenuinamente ele cai na lábia de alguns clientes que dizem não poder pagar. Numa dessas acaba conhecendo Rico Ratso(Dustin Hoffman), um coxo que vive às margens da lei, se alimentando com o produto de pequenos furtos e golpes. Ratso diz que pode arrumar um agente para Joe, o que na verdade é mais um golpe apenas para arrumar uns 20 doláres. Puto da vida, o cowboy não muito inteligente, procura Ratso por toda Nova York. Caindo na miséria, não arruma dinheiro para pagar o hotel e perde todas suas coisas. Quando reencontra Ratso, Joe parece ter um coração mole e o perdoa. O marginal resolve o chamar para ficar na casa dele(que na verdade é um prédio condenado).
E assim começa a transformação de Joe. Sua inocência é corrompida(e umas cenas do passado dele mostram que essa inocência já tinha ido embora faz tempo) através dos pequenos golpes que realiza junto com Ratso, apenas para a sobrevivência dos dois.
Dirigido por John Schlesinger, Perdidos na Noite ganhou o Oscar de Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Roteiro Adaptado. Dustin Hoffman está atuando muito bem como coxo sujo e melequento. O filme mostra a quebra de valores que ocorre quando o cowboy ingênuo vai para Nova York, uma cidade em plena explosão cultural, e o como aquele ambiente o obriga a se adaptar a nova realidade(muito diferente do que ele imaginava). O filme é bom e pode emocionar, mas achei que faltou algo, talvez fosse porque eu estava com sono =D
Nota 8,5.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Monty Python - A Vida de Brian


Monty Python - A Vida de Brian(Life of Brian) é o segundo filme do grupo inglês. E é genial. O filme é uma crítica ao cristianismo feita de maneira inteligente e satírica.
Brian(Graham Chapman) nasce no dia 25 de dezembro do ano 0. Três reis magos bêbados entram em sua casa para homenagea-lo com ouro, mirra e incenso. Eles vão embora e a mãe de Brian(Terry Jones) pede para que na próxima vez eles não tragam a mirra. Segundos depois eles voltam pra pegar tudo de novo, afinal eles erraram de estábulo, Jesus tinha nascido ao lado.
O garoto Brian cresce e vira vendedor de quitutes em um coliseu até que um dia se une a um grupo rebelde que luta contra a dominação dos romanos. Na noite em que resolvem sequestrar a filha do imperador encontram por acaso outro grupo rebelde no palácio o que ocasiona uma luta mortal entre os dois grupos onde só Brian sobrevive.
Fugindo dos soldados romanos, Brian finge estar dando um discurso profético para algumas pessoas até que a barra esteja limpa. Quando tenta ir embora, as pessoas o seguem dizendo que ele é o verdadeiro messias. Brian tenta fugir e acaba realizando outros "milagres". Agora uma multidão repete seus dizeres e concluem que sua mãe é virgem(mesmo ela achando a pergunta uma ofensa). O filme termina quando Brian é levado para a crucifixação e mesmo podendo, ninguém o salva.
Dirigido por Terry Jones, A vida de Brian é um conjunto de esquetes do grupo Monty Python(Graham Chapman, John Cleese, Eric Idle, Terry Jones, Terry Gillian e Michael Palin) que satirizam as religiões, grupos políticos e etnias. Com cenas absurdas, como um discurso do imperador e Pintus Imensus no dia da Páscoa, um exército suicida e um ex-leproso pedindo dinheiro, Monty Python enfraquece o dogma reliogoso com pesadas críticas. A arma deles é o exagero.
Curiosamente a exibição do filme foi proibida em diversos países por considerarem blasfêmia. E mais curiosamente ainda, no filme eles tiram sarro da blasfêmia! O filme garante boas risadas.
EXÉRCITO SUICIDA! ATACAR!
Nota 9,5.

domingo, 14 de março de 2010

Adam

"Meu livro infantil favorito é sobre um pequeno príncipe que veio à Terra de um asteróide distante. Ele encontra um piloto cujo avião caiu no deserto. O pequeno príncipe ensina muitas coisas ao piloto, principalmente sobre o amor. Meu pai sempre me disse que eu era como o pequeno príncipe. Mas depois que conheci Adam, percebi que eu era o piloto."
Adam(Hugh Daney) tem vinte e nove anos, sofre da síndrome de Asperger e acaba de perder seu pai. Beth(Rose Byrne) é linda, extrovertida e seu pai está sendo acusado num tribunal. Beth aparece na vida de Adam quando se muda para seu prédio e ambos se conhecem. Beth se sente atraída por Adam logo de cara, e ele, com seu jeito de ser, também se sente atraído por ela. O filme fala sobre uma história de amor...fofa.
Adam tem dificuldades de interagir com outras pessoas, entende tudo no sentido literal e é fascinado por astronomia. Quando Beth entra em seu mundo, Adam se vê numa nova situação onde ele precisa se esforçar para entender o que ele está sentindo: amor.
Na cena em que eles se beijam pela primeira vez, percebemos a dificuldade dele de tentar fazer algo que ele nunca fez. Durante o filme ele precisa se enfrentar diversas vezes para fazer Beth feliz, como sair com seus amigos. Apaixonados um pelo outro, ambos vivem uma história de amor díficil de lidar. Adam precisa entender Beth e ela precisa entender Adam.
Não irei contar mais para não estragar as surpresas.
Dirigido por Max Mayer, Adam é um filme bem feito e emocionante. Fala sobre o amor puramente ingênuo. Lembra um pouco 500 Dias com Ela, mas achei que Adam é mais triste. É impossível não se apaixonar pelos dois personagens. Adam conta a luta de alguém para entender e demonstrar algo que nunca sentiu. O filme é lindo. Assistam.
Nota 9,5.

Sob Suspeita


Sob Suspeita(Find me Guilty) talvez faça você ficar se perguntando durante o filme todo a mesma pergunta: Por que estou torcendo para o criminoso?
A resposta que eu encontrei foi a seguinte: o personagem principal é um pouco carismático e o antagonista é um chato. Sério.
Não fiquei muito convencido com o personagem, não que a atuação fosse ruim, mas o cara era um pilantra que estava tentando enganar todo mundo dissendo coisas do "coração" e fazendo piadinhas dentro de um tribunal!
Bom... deixa eu explicar a história. Jackie DiNorscio(Vin Diesel) faz parte de uma família de mafiosos e ele faz lá uns trambiques grandes. Logo no início do filme, seu primo, entra em seu quarto e o atira quatro vezes. O que era pra ser uma cena trágica, fica cômica. O cara erra os quatro tiros enquanto o Vin Diesel fica falando "Por que você tá fazendo isso? Eu te amo!". Um pouco mais pra frente, Jack é preso por tráfico de drogas e o governo lhe faz uma proposta: diminuir a sentença em troca de informações sobre a máfia. Jack recusa, dizendo que não entrega seus amigos. Muito honrado, né? Ou talvez estupidez, por que nenhum dos outros mafiosos faria isso por ele.
Alguns anos depois ele é chamado para ser réu no maior caso da história dos Estados Unidos. Cerca de 20 mafiosos foram levados de uma só vez para o tribunal. Enquanto todos possuiam um advogado, Jack decide se defender sozinho. Com seu jeito brincalhão e até mesmo desrespeitoso, Jack consegue cativar o júri e o público(só um pouco) e surpreender todo o tribunal.
Dirigido por Sidney Lumet, Sob Supeita talvez não agrade a todos. Na minha opinião conta a história de um criminoso que usa de seu carisma para se dar bem. Mas tem um detalhe, ele faz tudo aquilo para livrar seus amigos, e não ele. Ou seja, no final do filme temos 20 criminosos setenciados como inocentes e nosso "herói" preso novamente. A história é baseada em fatos reais, o que me deixa mais perplexo. Um cara conseguiu enganar um júri para livrar bandidos... só nos estados unidos mesmo pra isso virar filme. Não gostei.
Nota 5,5.

Ran

Ran é um filme para se apreciar. As belas paisagens de um Japão feudal do século XVI servem de cenário para a adaptação de Rei Lear, de Shakespeare, feita por Akira Kurosawa, considerado como o mestre da linguagem cinematográfica.
A história se inicia quando o chefe do clã dos Ichimonjis, Hidetora(Tatsuya Nakadai), divide seus bens entre seus três filhos. O mais velho, Taro(Akira Terao), fica com a posse do feudo, do castelo principal e com o exército. Os outros dois filhos, Jiro(Jinpachi Nezu) e Saburu(Daisuke Ryu), recebem alguns castelos e a obrigação de obedecer as ordens de Taro. Saburu, o mais jovem, é contra a decisão do pai e é banido do feudo. Acaba sendo acolhido por Nobuhiro(Hitoshi Ueki) que fica impressionado com sua coragem por desafiar seu pai e o casa com sua filha. Hidetora então vai viver no castelo agora controlado por Taro, porém, Kaede(Mieko Harada), esposa de Taro, era filha do antigo dono do castelo, seus pais foram mortos por Hidetora e agora Kaede quer controlar o castelo e todo feudo. Usando de artimanhas, Kaede convence Taro a se unir com Jiro e atacar o lorde Hidetora. Encurralado por todos os lados e vendo sua guarda pessoal morta e seu castelo destruído, Hidetora enlouquece e consegue escapar junto com Kiyoami, o Bobo e Tango, guarda de Saburu.
Durante o ataque Taro é assassinado por ordem de Jiro. Assim o filho do meio assume o poder do feudo e Kaede o seduz e vira sua amante. Enlouquecido, Hidetora se envergonha por ter expulsado Saburu de seu feudo e vaga pelas terras à procura de algo. Saburu prepara um ataque à Jiro e a tensão aumenta quando encontra seu pai minutos antes da batalha começar.
Sim, a história é complexa.
Dirigido por Akira Kurosawa, Ran tem um jeito diferente. Há longas sequências filmadas num ritmo lento, ideal para prestar atenção no cenário e no figurino. As cenas em sua grande maioria são em planos de conjunto ou planos abertos, não há closes. Levando isso em consideração, os sentimentos dos atores precisam ser passados por movimentos físicos, como um passo para trás, feições exageradas ou até mesmo cair no chão. Me lembrou muito uma peça de teatro onde os atores precisam mostrar o que sentem pras pessoas que sentam na última fileira na platéia.
O filme possui uma fotografia sem igual e figurinos FODAS(não existe palavra melhor).
Ran fala sobre disputas pelo poder, traição e vingança.
Nota 9,5.

Despedida em Las Vegas

























Despedida em Las Vegas(Leaving Las Vegas) é um filme sobre aceitar os seres humanos como eles são. Ben(Nicolas Cage) é um roteirista álcoolatra que não lembra mais nem porque começou a beber. Seu estado é deprimente. Após queimar tudo relacionado ao seu passado, Ben viaja até Las Vegas decidido a beber até morrer. Lá, encontra a prostituta Sera(Elisabeth Shue) e a contrata para passar uma noite incomum com ele. Apaixonados um pelo outro, Ben e Sera tem poucos dias para viver um romance, o que os faz aceitar o outro como ele é: um álcoolatra e uma prostituta.
Dirigido por Mike Figgis, Despedida em Las Vegas possui ótimas cenas e uma excelente direção de arte. Arrisco dizer que Nicholas Cage faz sua melhor atuação neste filme. Você sente pena da destruição de Ben e ri do seu jeito de ser. Elisabeth Shue está ótima como a maltradada Sera e nos faz refletir o que a humanidade é capaz de fazer. O filme começa com o estado crítico de Ben e termina com sua recuperação, a morte. Durante o filme foram postas algumas cenas em que Sera fala de Ben, achei que isso quebra um pouco a tensão do filme, desaprovo. Despedida em Las Vegas é um filme para se ver sozinho, pois é esse assunto que ele fala: solidão, mesmo num romance.
Nota 8,5

sábado, 13 de março de 2010

Ladrões de Bicicletas































Ladrões de Bicicletas(Ladri di biciclette) se passa numa Itália enfraquecida pela segunda guerra mundial. O personagem principal, Ricci(Lamberto Maggiorani), é um dos muitos homens de família desempregados no pós-guerra. O filme começa quando Ricci recebe a proposta de trabalhar como colador de cartazes pelas ruas de Roma, mas para isso ele precisa recuperar a bicicleta que havia penhorado. Decidido a melhorar de vida, Ricci e sua mulher(Lianella Carell) vendem alguns lençois e compram de volta a bicicleta.
No primeira dia de trabalho percebemos a alegria de Ricci em saber que com aquele salário seu filho(Enzo Staiola) e sua mulher terão o que comer. Algumas horas depois de começar a trabalhar, Ricci tem a bicicleta roubada por um esquema de uma gangue de ladrões. Ele vê o ladrão e corre atrás dele até não conseguir mais alcançá-lo.
E é aí que o filme muda. A bicicleta se torna um símbolo de esperança. Se Ricci não conseguir achá-la, ele volta para a situação inicial, mas agora sem lençois. Então a saga inicia. Ricci e seu filho saem pelas ruas de Roma procurando qualquer pista, mas sofrem com a impiedade humana numa sociedade desequilibrada socialmente devido aos estragos da guerra.
Encurralado de todos os lados e desesperançoso, Ricci se vê no fundo do poço e na cena final sucumbe e deixa de lado seus valores apenas para poder conseguir o trabalho de volta.
Nos últimos 10 minutos de filme é impossível não se emocionar.
Dirigido por Vittorio de Sica, Ladrões de Bicicletas faz parte do neo-realismo italiano, e é exatamente isso que vemos: realidade. Os atores do filme são amadores, mas foram tão bem dirigidos que se tornam extremamente convincentes. O garoto, Enzo, merece aplausos pela atuação cativante. Uma ótima fotografia que acompanha os acontecimentos com o personagem, ficando mais escura a medida que o sofrimento aumenta. Uma obra sentimental, realista e reflexiva.
Nota 9,0

quinta-feira, 11 de março de 2010

Os Sonhadores


Os Sonhadores(The Dreamers) pode ser sintetizado pela seguinte frase dita no filme: Um filme é como o buraco da fechadura do quarto dos seus pais. Você espia, se enoja, mas não consegue parar de olhar.
Matthew(Michael Pitt) espia um novo mundo onde só existem os irmãos, Theo(Louis Garrel) e Isabelle(Eva Green) e inicialmente ele se enoja, se assusta, acha uma monstruosidade, mas assim como o buraco da fechadura ele não consegue parar de olhar. E não só olhar, Matthew abre a porta desse quarto/mundo e começa a fazer parte dessa bizarra vida dos dois irmãos.
Enquanto nas ruas de Paris de 1968 ocorre uma revolução dos estudantes, os três protagonistas se trancam neste "quarto dos pais" e vivem uma paixão, isolados do mundo exterior. Até que de repente, como se acordassem de um sonho, os três acordam para o universo fora daquele impactante quarto e se unem a revolução.
Dirigido por Bernardo Bertolucci, Os Sonhadores possui ótimos planos-sequência, uma boa cenografia e uma excelente trilha sonora(Bob Dylan, Janis Joplin, Jimi Hendrix). O filme pode ser considerado fortes por alguns devido a diversas cenas sexuais , algumas até dispensáveis. Quando vi o filme, imaginei que ele fosse uma crítica a juventude atual, que se diz revolucionária, tem pôster do Che Guevara no quarto sem nem saber direito quem ele foi, mas não sai as ruas para protestar ou se manifestar de alguma outra forma. Somos uma juventude de sonhadores. Nos trancamos em nossos quartos e nos isolamos do mundo lá fora, que parece girar cada vez mais rápido.
O filme é baseado no livro The Holy Innocents, escrito por Gilbert Adair, e apesar de ter sido publicado em 1988, continua sendo atual e se não sairmos de nossos "quartos de sonhadores" irá ser atual para sempre.
Nota indefinida.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Cantando na Chuva




























Cantando na chuva(Singin' in the rain) é um musical. O que você pensa sobre um musical? O que É um musical? Lembra da teoria das formas de Platão?Se lembrar, siga a linha de pensamento. Cantando na chuva foi feito em 1952, a era de ouro dos musicas. O filme parece ser feito sobre rígidas regras de estética e técnica, o que acredito ser uma característica da época devido aos grandes estúdios de Hollywood, que transformou o cinema americano de arte para indústria.
O filme se passa na década de 20, quando uma evolução e revolução acontece no cinema. Pela primeira vez sincronizam som e vídeo em uma sala de cinema. O vídeo gravado em película e o aúdio gravado em disco eram sincronizados e davam a impressão de um filme falado, em vez de mudo. Isso na época foi uma grande novidade e a correria dos grandes estúdios para adquirir essa nova tecnologia foi grande. E é neste cenário que se passa o filme.
Após a exibição do filme "O Cantor de Jazz", primeiro filme sonoro e musical, os atores do cinema mudo precisavam se adaptar a nova tecnologia. Don Lockwood(Gene Kelly) e Lina Lamont(Jean Hagen) são dois atores de sucesso da época do cinema mudo, que vivem uma falsa paixão criada pelas fanzines da época. Lina acredita piamente que Don a ama, mas Don acaba se apaixonando por uma atriz de teatro(Kathy - Debbie Reynolds). O dono do estúdio decide produzir um filme falado com os dois, mas é um fracasso na primeira exibição porque Lina possui uma voz de taquara rachada(e irritante). Decididos a tornar o filme um sucesso, Don e seu amigo, Cosmo(que faz ótimas cenas coreografadas, interpretado por Donald O'Connor) bolam uma maneira de tornar o filme em um filme musical. Aí que os problemas surgem e é nisso em que ele se desenvolve. O filme é uma aula sobre o cinema, é lindo de se ver, genial.
É impossível ouvir a música principal do filme sem se recordar da cena de Laranja Mecânica em que Alex canta a música enquanto espanca um escritor e estupra sua esposa. Chega a ser genial e ao mesmo tempo polêmica e constratante a "intertextualidade" que o Stanley Kubrick faz com esse filme.
Dirigido por Gene Kelly e Stanley Donen, Cantando na Chuva é um filme hollywoodiamente romântico e engraçado. Longos planos-sequência de números musicais mostram as habilidades Broadwayísticas dos atores. É um filme que vale a pena ver, seja por sua história interessante ou por seu valor dentro da história do cinema.
9,0 pontos na escala Riguetti.

Uma árvore que cai numa floresta solitária, faz barulho?

Meu computador não liga mais...
Devido a tais circunstâncias interrompi as postagens
Ó que drama, nesse meio tempo assisti filmes que mereciam enormes reflexões!
Tais são: Onde vivem os monstros, Sherlock Holmes, Avatar(de merda) e outros que nem lembro mais
A minha regra é simples: postar sobre o filme logo após vê-lo.
Tenho sérios problemas de memória, por isso prefiro comer o bolo quando ele acaba de sair do forno e ainda está quentinho!
Mas mudarei de assunto tão rápido que tu, ó leitor, nem perceberás!
Merda... agora você percebeu...
Mas então, comecei a faculdade de comunicação social na puc-rio
sou estimulado diariamente a seguir o longo caminho tortuoso até meu tão esperado objetivo
É empolgante! Recomendo a todos.
Essa semana voltei com meu ritual de alugar 4 filmes a cada 5 dias e pretendo assistir mais filmes no canal TCM e Telecine Cult(Preciso começar a ver uns filmes antigos)

Obrigado Ronney-von por me fazer esquecer o que eu ia escrever agora

bom...toda vez que eu assistir um filme, postarei aqui =D

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O Nevoeiro


O Nevoeiro(The Mist) não é um filme sobre monstros, apesar de ter muitos deles. A intenção do filme é mostrar até que ponto as relações humanas podem chegar numa situação de perigo. Sem regras, sem aqueles que as impõem e a morte os cercando os personagens se vêem no que Thomas Hobbes chamou de Estado Natural no seu livro, Leviatã.
No filme, uma terrível tempestade acontece e o personagem principal David(Thomas Jane) decide ir com seu filho(Nathan Gable) até um mercado no centro da cidade para comprar suprimentos. Pegos de surpresa por um nevoeiro, pai e filho são obrigados a se abrigarem no supermercado com os funcionários e outros clientes.
Dentro do nevoeiro espreitam criaturas bizarras criadas por um experimento secreto dos militares. Então o filme tem dois caminhos a seguir: Focar-se nos monstros e acabar virando um filme trash/terror ou se focar nas criaturas mais bizarras do planeta(nós).
Ficamos com a segunda opção.
Dentro do verdade Estado Natural de Thomas Hobbes os personagens se dividem em grupos com diferentes opiniões sobre como sair vivos daquela situação. Centrado nessa situação o filme mostra o poder de persuasão da religião num ambiente amedrontador e como as pessoas se comportam quando precisam esquecer tudo aquilo que acreditavam.
Dirigido por Frank Darabont e adaptado do livro homônimo do mestre Stephen King, o filme vale a pena de se alugar e contém um final surpreendente que não agradará todos. Se você vive num conto de fadas onde tudo é perfeito, não veja.
Nota 7,5.

Antes que o Diabo saiba que Você está Morto



Antes que o Diabo Saiba que Você está Morto(Before the Devil knows you're Dead ) começa com uma cena de sexo entre Andy Hanson(Philip Seymour Hoffman) e sua esposa em um tempo indeterminado, não sabemos se é no futuro, no presente ou no passado e essa dúvida que criamos logo no início do filme é uma prévia de todas as outras dúvidas que surgiram a seguir.
Logo em seguida surge na tela a frase "Que você esteja no paraíso por meia hora, antes que o Diabo saiba que você está morto". E então o filme realmente começa, deixando aquela cena inicial guardada em nossa memória até o final.
Andy e seu irmão Hank(Ethan Hawke) estão ferrados de grana e decidem assaltar a joalheria dos pais para solucionar todos os problemas. O que era para ser um crime bem sucedido acaba se transformando em um inferno para os dois irmãos. A grande sacada do filme é a luta dos dois para conseguirem seus 30 minutos no paraíso, mas o caos aumenta cada vez mais e só no final sabemos quem se safa.
Escrito por Kelly Masterson o roteiro é genial. A cada sequência de cenas descobrimos algo surpreendente que nos faz pensar na frase do filme e em como eles vão lidar com aquilo. Dirigido por Sidney Lumet, este é seu 45° filme. Ele brinca com os planos como um mestre. Cada sequência de cenas é ligada por um piscar de uma cena e outra com o som de algo sendo destruido e reconstruido digitalmente, e é essa a impressão que fica, a história pára e recomeça de outro ponto de vista alternando entre os irmãos e o pai(Albert Finney), com essa técnica presenciamos o inferno de cada personagem.
Ótimo roteiro. Ótima direção. Ótimos atores. Mas por algum motivo algo falta no filme, porém passa despercebido devido a injeção de tantas reviravoltas.
Se eu gostasse de notas, daria 8,5.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Kick-Ass: Trailer

O que há dentro de uma lata de ervilhas?

O que você espera de um blog sobre cinema?
Filmes, críticas, trailers e etc.
Bom, é isso que terá aqui, e mais um pouco.

A primeira página infinita

Olá,
Sabe quando você abre a última gaveta de um armário empoeirado no porão de sua casa e encontra algo especial e nostálgico? Você olha para o objeto e fica pensando quanto tempo ele passou ali, guardado e esquecido. Então você se pergunta: Por que não encontrei isso antes?
Sabe do que estou falando? Então. É exatamente essa a sensação que tenho agora. Guardei a idéia de ter um blog sobre cinema e afins durante muito tempo na última gaveta de um armário empoeirado escondido num porão mental. Com o tempo, as idéias são esquecidas. Eu mesmo penso certas coisas e 15 minutos depois não lembro de mais nada.
E então, como se fosse um conselho interior, alguém te diz: Ei, olha só aquele armário!
Outra pessoa pergunta: O que tem na última gaveta?
Então eu paro em frente ao armário, me ajoelho e tento abrir a gaveta.
Assim que abro, exclamo: Você estava aí o tempo todo!
Então pego essa idéia com as duas mãos e mostro pra vocês.
"Era isso que estava guardado na última gaveta de um armário empoeirado escondido no meu porão mental."
Adeus.