sábado, 29 de maio de 2010

Dançando no Escuro

"Dizem que é a última canção, mas eles não nos conhecem. Só será a última canção se deixarmos que seja"

Lars von Trier nasceu em Copenhague, Dinamarca, em 1956. Ficou conhecido por escrever junto com Thomas Vinterberg o Dogma de 95, 10 regras que devem ser respeitadas durante a criação de um filme com a intenção de estimular a criatividade. Seus filmes mais conhecidos são: Os Idiotas, Dogville e o recente Anticristo.
Dançando no Escuro conta a história de Selma(Björk), uma imigrante tcheca que trabalha numa metalúrgica. Selma aos poucos está perdendo sua visão devido a uma doença hereditária e por isso guarda todo dinheiro que ganha para pagar uma operação para seu filho, que não pode descobrir porque aceleraria o processo da doença. Apaixonada por musicais, a protagonista se distrai com o barulho ritmico das máquinas e em sua imaginação cria canções e coreografias, o que acaba causando um acidente em seu trabalho e a sua demissão. Apenas uma de muitas tragédias no filme. Somos guiados até o fim nada piedoso de Selma, que faz de tudo para que seu filho faça a operação.
Dançando no Escuro conta com David Morse, Catherine Deneuve e Peter Stormare. Björk está impressionante como atriz. Filmado de um modo peculiar, Dançando no Escuro é um drama musical diferente de muita coisa que já vi. Particularmente eu gosto da maneira como Lars von Trier faz seus filmes, principalmente em Dogville(que é extremamente interessante). Recomendo esse filme para todos aqueles que querem se emocionar um pouco.
Nota 8,5.

O Balconista

Kevin Smith nasceu em Nova Jersey, em 1970. O Balconista foi o filme que levou Kevin Smith para a fama. Seus trabalhos mais conhecidos são: Dogma, Procura-se Amy e O Balconista 2. Smith também escreve roteiros para quadrinhos e atua em seus filmes como o personagem Silent Bob. Escreveu o roteiro de Demolidor e foi produtor executivo de Gênio Indomável. O Balconista se passa em View Askewniverse, o universo criado por Kevin Smith que serveria de cenário para grande parte de seus filmes.
O Balconista narra a história de Dante, um funcionário de uma loja de conveniências, em um dia de trabalho(e ele não deveria estar lá). Randal, seu amigo que trabalha na locadora ao lado, hora ou outra aparece em seu trabalho para conversar ou atrapalhar. Nesse dia de trabalho forçado diversas situações bizarras acontecem...
Não há como resumir este filme. A história na verdade serve de base para as discussões dos dois amigos, que por sinal são hilárias. O filme foi todo gravado em preto e branco por causa do baixo orçamento e foi gravado na loja em que Kevin Smith trabalhava. O Balconista é um filme que eu recomendo para todos que querem fazer cinema. Este filme é um bom exemplo de filmes de baixissimo custo e que deram certo. Por toda sua audácia...
Nota 8,0.

domingo, 23 de maio de 2010

Apenas o Fim

Apenas o Fim narra a história de Antônio(Gregório Duvivier) e sua namorada(Erika Mader). Minutos antes de Antônio ir fazer uma prova, Ela aparece na faculdade e diz que vai embora. Pra Sempre. Ele não consegue aceitar e ambos vagam pelos cenários da PUC conversando sobre tudo e sobre nada. Relembrando alguns momentos da relação enquanto vídeos de conversas intimas dos dois surgem na tela. E o que resta é apenas o fim.
Falar de Apenas o Fim é difícil. Matheus Souza, diretor do filme, tinha 19 anos quando começou o projeto, e ainda estudava cinema. Um filme que cumpre o que propõe. A química dos dois atores nos deixa dúvidas se eles realmente não tiveram um relacionamento. Vários planos sequência realizados perfeitamente. Trilha sonora admirável. Dialógos as vezes reais, as vezes cinematográficos demais. É incrível a forma como o diretor conseguiu mostrar como aquela história é íntima. Apenas o Fim merece um grande destaque no cinema brasileiro, e é um dos grandes feitos do cinema brasileiro nessa década.
Nota 9,0.



E La Nave Va

Frederico Fellini nasceu em 1920, na comuna de Rimini, na Itália. Seu primeiro filme, Mulheres e Luzes, não foi bem recebido pela crítica e acabou levando a produtora à falência. Seu maior sucesso veio em 1960, La Dolce Vita, em seguida vieram filmes como: Amarcord e 8 1/2. Fellini se tornou um dos grandes diretores por seus filmes poetizados e críticos.
E La Nave Va começa com imagens antigas, em sépia, de um navio se preparando para partir. Não há nenhum som e vemos os personagens da história surgindo, como uma apresentação. O navio tem como destino a ilha de Erimo, para jogarem as cinzas da famosa cantora Edmea Tetua. A tripulação é basicamente formada pelos amigos mais próximos da defunta, os marinheiros e um rinoceronte. Sr. Orlando é um jornalista que embarca para entrevistar as celebridades e narrar a história. Quando o navio resgata um grupo de refugiados sérvios, a tripulação se sente ameaçada, o que acaba dando uma guinada na história para outra direção.
E La Nave Va foi o primeiro filme do Fellini que eu assisti. E em suas duas horas de duração eu percebi por o chamam de Il Maestro. A forma com que ele conduz a história é única. Os personagens são bem caricatos. Até a péssima dublagem se torna interessante. A trilha sonora é sem igual, ópera. O final é simplesmente Foda.
Nota 9,0.

sábado, 22 de maio de 2010

Distrito 9

Neill Blomkamp nunca tinha dirigido um longa-metragem e Distrito 9 é o seu primeiro. Nasceu em Joanesburgo, em 1963. Neill tinha um vasto portfólio de filmes publicitários e Peter Jackson o tinha chamado para dirigir Halo. Como a produção atrasou, Peter Jackson deu apoio financeiro para que Blomkamp dirigisse Distrito 9, inspirado num curta que ele mesmo fez em 2005. O filme tem um baixo orçamento(30 milhões de dólares) e efeitos especiais perfeitos. Distrito 9 foi indicado para o Oscar de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhores Efeitos Visuais e Melhor Edição.
Distrito 9 é uma favela em Joanesburgo onde aliens foram abrigados após a queda de uma nave na cidade a 20 anos atrás. Após manifestações do povo contra aquela raça, o governo contrata a MNU para transferi-los para o Distrito 10. Mikus van de Merwe é nomeado como líder da operação para entregar as ordens de despejo. Ao entrar dentro de um barraco para investigar os pertences de um extraterrestre, Mikus acidentalmente ativa um artefato e um líquido espirra em sua cara. Naquela noite, o agente da MNU começa a passar mal e é levado para o hospital, onde descobre que está virando meio "camarão"(alien). Cientistas da MNU fazem testes com Mikus e descobrem que ele consegue ativar as armas extraterrestres, que só podem ser usadas por aliens. Desesperado, Mikus foge e se refugia no Distrito 9. Sua única salvação é encontrar aquele artefato contando com a ajuda de um alien, Christopher Johnson.
O início do filme é gravado em forma de documentário, colhendo depoimentos sobre o acontecimento. As cenas em seguida são gravadas sobre o ponto de vista do diretor(escolha de planos e etc.) e também sobre o ponto de vista do cinegrafista que acompanha o personagem. Os efeitos especiais são bem convincentes porque não são exagerados. As cenas de ação são feitas de uma forma diferente, mas bem feitas. Distrito 9 faz uma alusão ao Apartheid e a comparação é interessante. Mas não pode ser considerado como uma crítica ao sistema...até porque o Apartheid já acabou e quem vive de passado é museu.
Nota 8,5

Jackie Brown

Quentin Tarantino. Diretor, produtor, roteirista e ator. Knoxville, 1963. Aos 16 anos fez aulas de atuação na James Best Theatre Company e aos 22, na Allen Garfield's Actors' Shelter. Trabalhou como balconista numa locadora e se dedicou aos seus roteiros. Quando vendeu True Romance, Tarantino saiu do anonimato e dirigiu seu "primeiro" filme: Cães de Aluguel. Após isso, em 1994, Quentin viajou para o Amsterdã e escreveu Pulp Fiction, filme que lhe traria o Oscar de Melhor Roteiro Original. Desde então Tarantino produziu outros sucessos como: Kill Bill e Bastardos Inglórios. Jackie Brown é uma adaptação do livro Rum Punch de Elmore Leonard. Tarantino diz ser um filme para o público negro e uma homenagem ao gênero blaxpoitaton(filmes que utilizaram, na década de 70, o soul e o funk nas trilhas sonoras e personagens principais negros).
Jackie Brown(Pam Grier) é uma comissária de bordo que contrabandeia dinheiro para dentro dos EUA, aos comandos de Ordell Robbie(Samuel L. Jackson), um traficante de armas. Louis Gara(Robert DeNiro) acabou de sair da prisão e passa os dias fumando com a namorada de Robbie, Melanie(Bridget Fonda). No início do filme, Ordell procura Max Cherry(Robert Forster)
para pagar a fiança de um amigo, Beaumont Livingston(Chris Tucker). Ao encontrar Beaumont, Ordell o silencia. Jackie Brown é pega por um agente federal, Ray(Michael Keaton) e um policial, Mark(Michael Bowen), com grana e cocaína. Eles fazem uma proposta: montar um esquema para capturar Ordell. Assim se inicia um jogo com todos os personagens. Aquele que vencer leva uma bolsa com meio milhão de dólares.
Sinceramente, eu esperava mais de Jackie Brown. O filme não é ruim, pelo contrário, é ótimo. Mas é demorado demais, 2 horas e meia de filme, acaba cansando. Samuel L. Jackson e Robert De Niro estão atuando perfeitamente. Algumas cenas são fodas: Ordell matando Beaumont e Louis ficando irritado com Melanie. Só o fato do filme ser do Tarantino já merece ser visto.
Nota: 8,0.

UP

Pete Docter, diretor de UP!, nasceu em 1968 em Minnesota, EUA. Dirigiu Monstros S.A., escreveu o roteiro de Wall-E, Toy Story 1 e 2 e dos filmes que dirigiu. Participou de Vida de Inseto e de muitas outras animações. Em 2004, a equipe de UP! visitou o estado de Roraima para buscar inspiração para o cenário do filme. Docter dublou o personagem Kevin, uma ave...fêmea... UP! recebeu o Oscar de melhor Animação e melhor Trilha Sonora Original e foi a segunda animação a receber a indicação de Melhor Filme.
O inicio do filme mostra a vida de Carl Fredricksen(Edward Asner). O jovem Carl vive em seu mundo de aventuras imaginárias, inspirado por seu ídolo Charles Muntz(Christopher Plummer), até o dia em que conhece Ellie(Elizabeth Docter). Os dois crescem juntos, se casam e alimentam o sonho de viajarem até o Paraíso das Cachoeiras. Quando Carl, vendendo balões, consegue juntar dinheiro para comprar as passagens, Ellie morre de velhice e nosso personagem principal fica só. Carl se torna uma pessoa rabugenta, ao redor de sua casa constroem um grande edificio e o empreendedor deseja comprar sua residência. Após agredir um operário, dão 1 dia para Carl arrumar suas coisas e partir para um asilo, mas o velho tem uma idéia melhor: prender milhares de balões em sua casa e viajar até o Paraíso das Cachoeiras. Ao longo de suia jornada, Carl tem a ajuda de Russel, um escoteiro mirim que quer ganhar a medalha de Ajuda ao Idoso, Kevin, uma ave gigante e Dug, um cachorro "falante".
Up! é uma das melhores animações da Pixar. É de uma sensibilidade incrivel. Com personagens fora do comum(um velho rabugento como personagem principal de uma aventura). Ótimas piadas. Uma trilha sonora linda. São muitas qualidades pra esse filme. Não é à toa que ele recebeu a indicação de Melhor Filme, concorrendo com Avatar e Guerra ao Terror.
Nota: 9,0.

Pandorum

Christian Alvart é um diretor alemão, nascido em 1974. Dirigiu Antibodies, um thriller sobre um serial killer pederasta. Pandorum é seu primeiro filme Hollywoodiano e seu trabalho mais recente é Caso 39 com a (odiosa) atriz Renée Zellweger.
Cabo Bower(Ben Foster) acaba de acordar numa nave após um hipersono de cerca de oito anos. Lembrando de pouquíssimas coisas, Bower precisa, com a ajuda de seu tenente, Payton(Dennis Quaid), encontrar o caminho até o reator da nave para reiniciar a energia. Payton fica na cabine de comando guiando Bower através de uma escuta, mas os dois acabam perdendo contato quando o cabo encontra criaturas bizarras espalhadas pela nave. Bower acaba descobrindo a verdade por trás de sua missão. A Terra foi destruída e a nave está levando humanos para um planeta habitável, Tania, porém, a droga injetada para aguentarem o hipersono acabou transformando alguns humanos em criaturas mutantes. Bower, junto com outros sobreviventes, precisa chegar até o reator para que a nave possa continuar a viagem. Mas parece ser tarde demais quando seu tenente demonstra os sintomas de Pandorum, um surto psicótico produzido pelo hipersono.
Pandorum é o tipo de filme que não fede e nem cheira. Foi erroneamente classificado como terror. Não tomei um susto. Os humanos mutantes me lembraram goblins do futuro. O que quebrou o filme foi a presença de Dennis Quaid, um dos atores que mais odeio HAHA. Ok, não foi só isso. O filme é bem clichê, mas a cena final é irada.
Nota: 6,5.

Manhattan

Woody Allen é o pseudônimo de Allan Stewart Königsberg, nova-iorquino de 1935. Sua primeira aparição no cinema foi em "O que que há, gatinha", estrelado e escrito por ele. É difícil dizer quais são os trabalhos mais conhecidos dele... na verdade, são quase todos. Woody Allen optou em filmar Manhattan todo em preto e branco, o que acabou dando uma beleza extraordinária ao filme.
O filme se inicia com Woody Allen tentando escrever o primeiro capítulo do livro de seu personagem, e como pano de fundo vemos imagens de uma Nova York cinzenta. Isaac(Woody Allen), o personagem principal, entra em crise quando sua ex-mulher lésbica(Meryl Streep) decide escrever um livro sobre o relacionamento dos dois, expondo todas as intimidades. Para piorar, Isaac mantém um relacionamento com uma garota de 17 anos, Tracy(Mariel Hemingway), que acaba se apaixonando por ele. Seu melhor amigo, Yale(Michael Murphy), é casado mas mantém uma relação extra-conjugal com Mary(Diane Keaton). Isaac odeia Mary à primeira vista, mas após se conhecer melhor, ambos se apaixonam. Isaac precisa convencer Tracy a ir estudar em Londres e esquece-lo e Mary precisa por um fim na relação com Yale. E nesse encruzilhamento de relações, Manhattan assiste a tudo, bela e cinzenta.
Eu achei o final deste filme impressionante. Não esperava isso, até mesmo de Woody Allen. E honestamente, o que mais me impressionou foi o roteiro. A fotografia estava ótima, os atores estão bons, mas o roteiro estava excelente. Ainda não sou fã de Woody Allen, acho que tenho alguma proteção contra esta influência. Não tenho esta euforia que os fanáticos por ele tem. Mas acredito que preciso ver mais filmes dele antes de falar qualquer coisa, pelo que me lembro, assisti apenas Annie Hall e Scoop. Assistam Manhattan, é bonito e estranhamente real.
Nota: 8,5

G.I. Joe: A Origem de Cobra


Stephen Sommers nasceu em 1962 em Minnesota, EUA. Estudou na universade de Sevilha na Espanha e quando voltou para os Estados Unidos, cursou a University of Southern California’s School of Cinematic Arts. Seus filmes mais conhecidos são A Múmia, O Retorno da Múmia e Van Helsing, todos arrecadaram milhões de dólares. Seu novo filme, G.I. Joe é inspirado nos bonecos do Comandos em Ação, da Hasbro, e já arrecadou mais de 300 milhões de dólares.
James McCullen(Christopher Eccleston) é dono da M.A.R.S., uma empresa que vende armas de alta tecnologia e equipamentos de defesa, e inventa, junto com seu cientista maluco Dr. MindBender(Joseph Gordon-Levitt), uma arma de nanotecnologia capaz de comer qualquer tipo de metal. Duke(Channing Tatum) e Ripcord(Marlon Wayans) são contratados para fazer o transporte dessa nova arma, mas durante o percurso são atacados por Storm Shadow e Baronesa(Sienna Miller), que fazem parte de uma organização secreta. No meio do ataque surgem os G.I. Joe, uma equipe de elite equipada com a mais alta tecnologia. Agora, Duke e Ripcord precisam se unir aos G.I. Joe para evitar uma conspiração organizada por quem eles menos esperavam...James McCullen.
G.I. Joe é o tipo de filme que não me agrada e que eu me recuso a ver. Mas eu acabei vendo e realmente não me agradou. 1- O filme é inspirados em bonecos que eu nem sabia que existam. 2- É o tipo de filme cheio de efeitos especiais que acaba artificializando tudo. 3-Tem o Dennis Quaid, um dos atores que mais detesto. Dá pra curtir o filme, mas acho perda de tempo. O único benefício que esse filme me trouxe foi que eu analisei a cena de ação em Paris e notei(acho que já tinha notado) que uma cena de ação contém centenas de planos de curtíssima duração, 1 ou 2 segundos. Ou seja, só uma sequência de ação dá uma trabalheira do caralho pra fazer. Não recomendo este filme para ninguém.
Nota: 5,5

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus

Terry Gilliam, diretor deste filme, é mundialmente famoso por sua participação no grupo britânico de comédia Monty Python. Inicialmente trabalhando como criador das animações surrealistas do programa televisivo do grupo. Como diretor seus trabalhos mais conhecidos são 12 Macacos, Os Irmãos Grimm e Medo e Delírio em Las Vegas, marcados por um visual único e fantasioso. Após a morte de Heath Ledger durante as gravações de O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus, Gilliam convidou Johnny Depp, Jude Law e Collin Farrel para interpretar o personagem. O que acabou sendo uma ótima alternativa.
O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus(The Imaginarium of Doctor Parnassus) começa com uma apresentação do espetáculo ambulante de Dr. Parnassus(Christopher Plummer), com seu ajudante anão, Percy(Verne Troyer), um mensageiro fantasiado de deus Hermes, Anton(Andrew Garfield) e sua filha, Valentina(Lily Cole). Um espelho é posto no palco, e aquele que o atravessar entrará num mundo imaginário controlado por Parnassus(o que me lembrou um pouco a história de Alice Através do Espelho), onde as pessoas tem a escolha de purificar a alma com o poder da imaginação ou ceder às tentações do inferno. Quando sua filha está prestes a completar 16 anos, o Diabo(Tom Waits) faz uma visita e cobra uma antiga dívida a Parnassus. Com medo de perder sua filha, o Dr. faz uma nova aposta: quem conseguir 5 almas, fica com Valentine. Neste momento é que o grupo encontra Tony Shepard(Heath Ledger), "enforcado" em uma ponte. Tony começa a trabalhar com Dr. Parnassus e ele é a última esperança para que Valentine não vá embora com o Diabo.
Terry Gilliam consegue nos levar para um mundo alternativo e onírico. Uma viagem dentro dos pensamentos. O estilo do filme me lembrou bastante as animações do programa Monty Python's Flying Circus, que eram feitas por Gilliam. Assistir este filme é uma ótima experiência. Deixe sua imaginação livre para Doctor Parnassus.
Nota: 8,5

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Veludo Azul

David Lynch nasceu em Montana, 1946. Quando criança viveu viajando pelo país com sua família. Se especializou em pintura numa escola de artes e partiu para a Europa em busca de inspiração. Ao voltar para os Estados Unidos, Lynch dirigiu diversos curtas-metragens. Seu primeiro longa foi Eraserhead, que não atraiu o público mas fez com que Lynch conseguisse um apoio para dirigir Homem-Elefante, que concorreu ao Oscar como Melhor Diretor e Melhor Roteiro Adaptado. Seus outros trabalhos conhecidos são: Cidade dos Sonhos e Império dos Sonhos.
O filme começa monstrando cenas da cidade perfeita, Lumberton. Tudo num grande american way of life. Mas nem tudo é o que parece. Jeffrey Beaumont(Kyle MacLachlan) volta para a cidade para ver seu pai que está internado e encontra uma orelha em enorme gramado. Jeffrey entrega a orelha para o pai de Sandy, uma amiga de infância, interpretada por Laura Dern. Não feliz com isso, Jeffrey sente uma curiosidade enorme em investigar o caso. Sandy o ajuda a entrar na casa de uma cantora de cabaré, Dorothy Vallens(Isabella Rossellini). Lá dentro, Jeffrey presencia uma cena bizarra: um traficante de drogas, Frank Booth(Dennis Hopper), estupra a cantora. Ao ajudá-la Jeffrey acaba entrando num submundo fantasioso onde não parece haver volta.
Veludo Azul é um filme estranho...porém, menos estranho do que eu imaginava. Não tem nenhum fator surreal no filme. O vilão usa uma bomba de oxigênio, os personagens são esquisitos...mas nada fora de uma realidade. O filme possui um clima interessante, a segunda parte faz um contraste com a primeira parte. Iluminação e trilha sonora diferente. Veludo Azul é um filme de suspense com personagens interessantes. Vale a pena assistir.
Nota 7,5.

Constantine


"Deus é uma criança brincando com uma fazenda de formigas"

Francis Lawrence é conhecido por dirigir clipes como "Circus" da Britney Spears e "Bad Romance" da Lady Gaga. O diretor austríaco pode ser considerado jovem, tem 40 anos, e seus filmes mais conhecidos são "Constantine" e "Eu Sou a Lenda". Sua carreira começou quando ele trabalhou como segundo assistente de câmera em Pump Up the Volume, dirigido por Allan Moyle. Francis também dirigiu dezenas de comerciais para Coca-Cola, Pepsi, McDonald's e outras grandes marcas. Constantine é inspirado nos quadrinhos de Hellblazer(um dos criadores é Alan Moore, conhecido por V de Vingança e Watchmen).
Keanu Reeves interpreta John Constantine, um ocultista seguidor da milenar filosofia do Foda-se. Sempre que um demônio aparece na Terra, Constantine o manda de volta para tentar ganhar alguns pontos positivos na hora do julgamento porque ele sabe que está "no vermelho". Seu aprendiz é Chas(Shia LaBeouf), um taxista de 19 anos que Constantine o usa apenas para seu proveito. Angela Dodson(Rachel Weisz) é uma policial que investiga o suicidio de sua irmã gêmea. E é aí que as coisas começam a embaralhar.
O roteiro é bem complexo e contém diversos elementos que não estavam originalmente nos quadrinhos, como a Lança do Destino, fragmento da arma utilizada pelo soldado romano que feriu Jesus Cristo na cruz. O filme tem a participação de Tilda Swinton interpretando o Anjo Gabriel. Admito que não lembro muitos detalhes do filme, faz tempo que o vi. O que mais impressiona é o filme ter sido produzido por um grande estúdio e ainda assim criticar a religião fortemente. Constantine é um filme muito bom, inspirado numa boa história em quadrinhos e feito com um BOM dinheiro.
Nota 8,5.

Os Deuses Devem Estar Loucos

Jamie Uys nasceu em 1921 em Joanesburgo, África do Sul. Seus filmes mais conhecidos são Os Deuses Devem Estar Loucos e Animals Are Beautiful People. Recebeu o Grande Prêmio no Festival Internacional de Cinema de Comédia Vevey por este filme, que gerou uma polêmica porque o personagem principal não conhecia a palavra "Deus". O diretor usou um fazendeiro africano para fazer o personagem Xí.
Os Deuses Devem Estar Loucos(The Gods Must Be Crazy) começa contando sobre uma tribo boxímane isolada no deserto do Kalahari. Eles vivem em harmonia, não há leis, não há fome, não há problemas. Até o dia em que um piloto de avião deixa cair uma garrafa de Coca-Cola no território desta tribo. Sem saber ao certo a utilidade daquilo, os boxímanes a usam para quebrar frutas, alisar pele e para realizar muitas outras funções. Aos poucos a garrafa se torna um objeto disputado, todos precisam usá-la e isso acaba gerando brigas entre os membros da tribo. Xí é escolhido para jogar fora a "coisa má", que eles acreditam ter sido dada pelos deuses como forma de testá-los. Então, Xí precisa caminhar até o fim do mundo para eliminar a garrafa de Coca-Colas, mas no caminho acaba encontrando humanos civilizados. Duas culturas diferentes entram em choque...hilariamente.
Vi este filme na aula de Teoria da Comunicação para estudar exatamente esta diferença que há entre a cultura ocidental e muitas outras do mundo. Vendo o filme por este lado, ele foi bem sucedido. Mas vendo do outro... Sinceramente, achei meio sem graça. É um filme estilo comédia antiga e boba. Até dá pra rir, mas é de tão ruim que são as cenas.
Nota 5,0.

domingo, 16 de maio de 2010

K-Pax

Iain Softley é quem ocupa o cargo de diretor neste ótimo filme. Londrino, de 1958, Softley é conhecido por ter dirigido A Chave Mestra e Coração de Tinta, mas é em K-Pax que ele faz seu melhor trabalho. O filme foi criado a partir de um livro com o mesmo nome. Sinceramente não sei dizer se foi bem adaptado ou não, pois nunca li o livro.
K-PAX é o nome do planeta de onde veio Prot(Kevin Spacey), nosso personagem principal. Ao chegar na Terra, Prot é mandado para um hospício e é submetido a sessões com o psiquiatra Dr. Mark Powell. Pouco a pouco o psiquiatra descobre sobre o planeta K-PAX e sobre seu paciente... e fica fascinado pela forma que Prot consegue ser convincente, até com os outros doentes do hospício. Powell resolve levar seu paciente para conhecer um grupo de astronomos, que são surpreendidos pelo conhecimento de Prot sobre uma galáxia muito distante da Terra. Ao saber que Prot pretende voltar para seu planeta, o psiquiatra resolve procurar por pistas no passado do seu paciente e acaba descobrindo coisas que nunca deveriam ser reveladas.
Depois desse filme, Kevin Spacey virou um dos meus atores favoritos. A atuação dele em Os Supeitos e Corrente do Bem é inesquecível. Jeff Bridges também é um ótimo ator, e não é à toa que ganhou um oscar. K-Pax nos deixa aquela dúvida: estamos sozinhos no universo? Com ótimas atuações e uma direção plausível, o filme deve ser visto(até mais de uma vez). Lembro que na primeira vez que vi esse filme fiquei tenso do meio para o final. E uma das últimas cenas faz você xingar de tão foda e explicadora que é(talvez nem todo mundo entenda de primeira).
Nota 9,0

As Melhores Coisas do Mundo

Laís Bodanzky é a diretora de As Melhoras Coisas do Mundo. Nasceu em 1969, em São Paulo e casou-se com Luiz Bolognesi, que assina o roteiro deste filme e também do premiado Bicho de Sete Cabeças. Laís comanda o projeto Cine Tela Brasil, que viaja com um caminhão por São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná exibindo filmes nacionais. Para a realização de As Melhores Coisas do Mundo, Bodanzky e Bolognesi entrevistaram adolescentes em escolas paulistanas para tornar a história mais real. Conseguiu? Digamos que sim, mas apenas uma realidade foi retratada. Por favor, não digam que todos os adolescentes são do jeito que o filme retratou.
As Melhores Coisas do Mundo narra a história de Mano, um adolescente que descobre que não é fácil virar adulto. Para viver num ambiente "hostil", como a escola, é preciso saber jogar as regras do jogo. Ou seja, nunca ser o "zuado da vez". E é quando Mano descobre que seu pai é homossexual que as coisas começam a dar errado. Ele e seu irmão(Fiuk) precisam fazer de tudo para esconder o fato do resto da escola. No meio de paixões por professores, superexposição e diversos problemas "adolescentes", Mano precisa percorrer um longo trajeto para superar esta crise.
Por algum motivo me orgulho de ter visto este filme no cinema. Talvez seja porque ele merece os 9 reais que paguei. Por dois motivos: Ser muito bom e por ser brasileiro. Meu preconceito contra filmes nacionais aos poucos está desaparecendo depois de tantos filmes bons que estão lançando. Fico feliz em saber que o cinema brasileiro está crescendo e se tornando algo de qualidade. Mas voltando ao filme... Laís Bodanzky consegue contar uma excelente história, mesmo com as atuações razoáveis dos atores iniciantes. O filme é baseado na série de livros Mano, escritos por Gilberto Dimenstein e Heloisa Prieto, que nunca li e não sei dizer se é uma boa leitura. Com um final meio tenso, As Melhores Coisas do Mundo talvez não seja um dos melhores filmes do mundo...mas vale a pena assistir.
Nota 8,0.

sábado, 15 de maio de 2010

Todos os Homens do Presidente

All the President’s Men é a obra-prima de Alan J. Pakula, diretor nova-iorquino falecido em 1998 aos 80 anos. A maioria de seus filmes está de uma forma ou de outra relacionada à política. Em Todos os Homens do Presidente não poderia ser diferente.
O filme narra a história de dois jornalistas do Washington Post, Bob Woodward e Carl Bernstein, que investigam o escândalo de Watergate. O caso começou quando cinco pessoas foram presas quando invadiram o escritório do partido democrata, no complexo Watergate, para instalar escutas e copiar documentos, durante a campanha eleitoral. Após investigações foi descoberto que estas pessoas faziam parte do Comitê para Reeleger o Presidente, um grupo que apoiava Nixon. Bob, interpretado por Robert Redford, e Dustin Hoffman, como Carl Bernstein, investigam este caso a fundo e com ajuda do misterioso “Garganta Profunda”, uma fonte sigilosa, eles descobrem a ligação que o Comitê tinha com a CIA, o FBI e, mais tarde, com o próprio presidente Nixon. As reportagens sobre o caso só foram levadas adiante depois da permissão de Katharine Graham, dona do jornal, e terminaram com a renúncia do presidente Nixon e a condenação de ocupantes de altos cargos na política americana.
O mais interessante no filme é a forma como ele retrata o cotidiano na redação do jornal e a profissão de jornalista. Bob e Carl são dois jornalistas românticos, que procuram a verdade factual acima de tudo. Eles correm atrás da notícia mesmo com todas as dificuldades, arrumam formas de confirmar boatos e convencem o editor-chefe a publicar as matérias mesmo quando todos os outros jornais não as querem. A sala gigantesca da redação, com dezenas de pessoas trabalhando o dia inteiro, digitando em suas máquinas de escrever, se torna o quartel general dos dois jornalistas, de onde eles partem em busca de pistas ou fazem ligações importantes. Há uma cena em que o editor pega a matéria que eles produziram e, com uma caneta vermelha, risca o que deve ser retirado e altera algumas palavras, o que me lembrou bastante do trabalho dos censores na época da ditadura do Brasil, mas ali no caso, o editor era do próprio jornal e excluía o que ainda era incerto e tornava a matéria mais concisa. Nas cenas de reunião, vemos os editores discutindo quais matérias serão colocadas no jornal do dia seguinte, e é curioso ver o que eles tratam como notícia ou não. Apesar da linguagem cinematográfica usada no filme, a profissão de jornalista é bem retratada e acredito que até incentive estudantes a seguirem essa profissão, porém, acho que a maioria das matérias de hoje em dia não são grandiosas o suficiente para viver uma “aventura atrás da verdade”. As cenas na garagem e outras cenas de tensão foram montadas para criar esse clima de investigação e por isso deve ser observado com cuidado e não deixar se iludir. Um fato interessante é que a fonte Garganta Profunda só se revelou em 2005, trinta e três anos após o escândalo, como W. Mark Felt, vice-diretor do FBI na época.
Todos os Homens do Presidente é sem dúvida uma obra de arte, tanto que ganhou quatro Oscar, e é visto em salas de aula até hoje como forma de aprendermos mais sobre a profissão de ser jornalista.
Nota: 8,5

Obs: Trabalho feito para a aula de Introdução ao Jornalismo.

Mary and Max




Adam Elliot é o diretor, roteirista e desenhista do filme Mary and Max. Nascido na Austrália em 1972, o jovem cineasta se destaca por ter recebido o Oscar de melhor curta em 2004 com sua animação Harvie Krumpet(2003). Em seu novo filme, Adam usa a técnica de animação com moldes em argila, também chamada por claymation, e cria uma atmosfera sombria ao utilizar poucas cores e/ou sépia. O diretor diz ter baseado o filme em uma história real e se inspirado em um amigo novaiorquino.
Mary & Max conta a história de duas pessoas diferentes para o mundo e afastadas geograficamente um do outro. Mary é uma garotinha australiana com uma mãe alcóolica e um pai afastado. Ela sofre na escola por ser gordinha e feia. Atormentada pela questão "de onde vem os bêbes", Mary escolhe um nome por acaso numa lista nos correios e manda uma carta para Max, um solitário Aspie(sindrome de Asperger) criador do cachorro-quente de chocolate, morador de Nova York. E assim se inicia uma amizade, através de trocas de cartas e informações, um descobrindo mais sobre o mundo com o outro. Personagens de desenhos animados, problemas familiares, incompreensões do mundo e AMOR. Uma estranha amizade que dura 20 anos, cheia de reviravoltas, feridas abertas e desencontros. Tendo como ápice o encontro tão esperado de Mary & Max.
Não consigo expressar o que gostaria para falar sobre este filme. Acho que a palavra "Maravilhoso" talvez seja a melhor definição. Uma animação para gente grande, onde todos nossos sorrisos são apenas para substituir nossas lágrimas. É impossível não se envolver com o filme através do clima melancólico. Adam Elliot cria dois universos diferentes: uma Nova York cinzenta, sem cor e uma Austrália com cor de poeira. A ligação entre estes dois mundos é estabelecida pelos objetos enviados um para o outro, que obtém a cor do país de origem(como a foto acima). Admito que meus olhos lacrimejaram ao final do filme e aposto que muitos outros ainda se emocionarão nesta que eu chamo de uma das melhores animações que já vi.
Nota: 9,5