sexta-feira, 30 de abril de 2010

A Justiça de um Homem

Gavin Hood, diretor, roteirista e protagonista de A Justiça de um Homem (A Reasonable Man), nasceu em Joanesburgo, África do Sul, em 1963. Estudou Direito na universidade de Witwatersrand e Cinema foi na universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Seus filmes mais conhecidos são: Infância Roubada (Tsotsi), ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2005, e X-Men Origins: Wolverine.

A Justiça de um Homem é o primeiro filme dirigido de Gavin Hood, gravado na África do Sul e exibido em 1999. A obra narra a história de Sean Raine, um advogado, que seis anos após um incidente no exército, durante um safári com sua esposa e seu ex-sargento, presencia o estranho assassinato de um bebê. O advogado decide defender o acusado, um jovem boiadeiro que acredita ter matado um tikoloshe, um espírito maligno na religião que o réu pertence. Pela cidade, os jornais publicam a notícia que o jovem havia matado e retirado a genitália do bebê para realizar muti, uma espécie de medicamento tradicional africana que utiliza de partes do corpo humano como ingredientes. Decidido a conhecer as crenças do acusado, Sean encontra uma sangoma, uma feiticeira, que diz que seu caminho está sendo dificultado por uma cobra, uma lembrança atormentadora do passado, que ele carrega dentro de si. Posteriormente é revelado que essa memória é de quando Sean estava no exército e matou um garoto que estava escondido em um armário, assim, estabelecendo uma relação com o acusado como forma de se redimir por seus erros. No tribunal, o advogado participa de um conturbado julgamento, contra uma promotoria bloqueada à aceitação de diferentes religiões. Após descobrirem que a genitália do bebê havia sido retirada por um policial para incriminar o réu, a acusação de homicídio doloso é retirada. Esclarecida como ocorreu a cena do crime, o tribunal fica em dúvida, mas mesmo com todas as tentativas do advogado, o jovem boiadeiro leva a pena por homicídio culposo e cumpre um ano de prisão.

Analisando a obra por um ponto de vista cinematográfico, notamos algumas fraquezas como: um roteiro ralo e uma linguagem cinematográfica muito simples. Nosso personagem se esforça muito para inocentar o réu, e acabamos acreditando com convicção que o juiz vai aceitar o ponto de vista do advogado. Porém, o que ocorre é a execução da lei da forma como ela deveria ser executada desde o início, o que acaba desagradando. Mas mesmo com um final não muito bom, conseguimos nos envolver e nos emocionar com a história.
Nota 6,5.


OBS: Texto escrito para a aula de Comunicação e Expressão, PUC-RIO, seguindo as regras básicas de estruturação de resenhas.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Reclaim Your Brain

Reclaim Your Brain(Free Rainer) é um filme alemão na mesma vibe que The Edukators, ou seja, VAI FAZER VOCÊ PENSAR!
Rainer(Moritz Bleibtreu) é o personagem principal, produtor de uma emissora de TV, rico, viciado em cocaína e criador dos maiores sucessos de audiência da Alemanha. Logo no início do filme vemos que Rainer está em 10 graus na escala "Foda-se". Totalmente desapegado as coisas(não como filosofia hippie, mas sim por ter dinheiro pra comprar tudo o que ele quiser), o produtor sofre uma tentativa de assassinato por uma garota, neta de um homem que Rainer provocou o suicídio após tê-lo acusado de um crime não cometido. Com a mentalidade recuperada da lavagem cerebral que sofrerá após anos e anos na midia, o produtor percebe que as emissoras com maior índice de audiência são aquelas que transmitem reality-shows, programas de auditório e outras inutilidades, contribuindo, assim, para a dementização da população. Revoltado, Rainer monta uma equipe para atingir o calcanhar de Aquiles das emissoras: os índices de audiência. O que acaba gerando uma revolução intelectual na Alemanha. O filme possui um dos melhores finais que eu já vi.
Dirigido por Hans Weingartner(mesmo diretor de The Edukators, HAHA), Reclaim Your Brain gira em torno da seguinte informação: os índices de audiência são medidos através de famílias selecionadas para representarem toda a população, estão fora dessa medida pessoas desempregadas, estudantes ou imigrantes. Com isso, obviamente, os programas mais intelectuais recebem menos pontos do que deveriam, e com isso as pessoas passam a assistir mais programas "sem conteúdo", criando uma cultura de "imbecis". Interressante, não?
O filme é lindo, filosófico e bem feito.
Se The Edukators é 10. Reclaim Your Brain é 9,5.

Obs: O índice de audiência no Brasil é medido apenas em São Paulo. Revoltante?

Budapeste

"Eu pensava que Budapeste era cinzenta, mas Budapeste era amarela."
Budapeste é um filme baseado na obra literária homônima de Chico Buarque. Filmado na Hungria e no Brasil, o filme narra história de José Costa(Leonardo Medeiros), ou Kósta Zsoze, um ghost-writer(um escritor que escreve em nome de outras pessoas, permanecendo sempre no anonimato), que conhece Budapeste após seu vôo fazer um pouso de emergência. Apaixonado pela "única lingua que o diabo respeita", Costa volta para o Brasil, onde engravida sua mulher, Vanda(Giovanna Antonelli), com a mente em branco. Em seu trabalho mais célebre, José escreve a autobiografia de um alemão, K.K., que veio ao Rio de Janeiro e escreveu um "livro" no corpo de suas amantes(este trecho é realmente poético).
Apaixonada pelo livro, sua esposa se relaciona com K.K., acreditando que ele é o autor do livro.
Em Budapeste, José conhece Kriska e aprende o idioma com sua ajuda. Assim que se torna fluente na língua, Costa começa a escrever poesias.
Frustado por nunca receber a glória dos seus livros publicados, o ghost-writer protagonista termina na situação inversa, ajudado por um outro escritor fantasma(Chico Buarque).
Dirigo por Walter Carvalho, em Budapeste percebi a evolução da qualidade da imagem do cinema brasileiro. O diretor demonstrou seus anos de experiência em fotografia ao realizar esse filme. Um filme poético e esteticamente bonito, talvez não agrade a grande a maioria. Por algum motivo me senti afastado e próximo do personagem principal. Afastado por não sentir suas dores, talvez insensibilidade minha ou um personagem roteiricamente superficial(acredito que o livro seja melhor). E próximo por compartilhar da arte de escrever. Brasileiro ou hungáro, é um ótimo filme ou um péssimo filme.
Nota 7,0...8,0...7,5...